terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O ANO DE ÍCARO

Não tenho o hábito de fazer retrospectivas no final de cada ano. Mas desta vez decidi abrir uma excepção e inclusivamente neste espaço/blog que não está vocacionado para tais temáticas pessoais.

A primeira imagem que me ocorreu foi que este foi o meu Ano de Ícaro. 
Foi o ano em que ascendi mais alto, bem alto no céu dos sonhos e anseios. E, lá no topo queimei as asas e me despenhei no mais fundo abismo. 
Foi um trambolhão e tanto! 
Desmantelei-me por completo, mas tenho estado recompondo o esqueleto e estou terminando o ano com um sabor a vitória. Todos que me tentaram derrotar não levaram a melhor.

Foi este um ano em que pus tudo à prova em minha vida. Tudo e todos, principalmente a mim.
Muito vi, muito me decepcionei, muito aprendi. Mas sobrevivi e sem esforço, recuperei o respeito e admiração que me são devidos.

Voei bem alto, arriscando tudo e tudo perdi. Mas ao perder ganhei. Ganhei-me a mim!!! 
Tudo está bem mais claro agora, em minha mente.

E neste test-force fiquei sabendo quem está comigo e quem nem por isso. Fiquei sabendo os que me aceitam e os que me toleravam em seu proveito.

Na aposta num sonho, joguei todos os trunfos, tudo que me proporcionava uma estabilidade social e de subsistência (emprego, bens e afins). E o fosso tudo engoliu com uma voracidade selvática. Fiquei apenas Eu!
Afinal tudo que apenas importa. Eu.

O melhor de tudo é que aprendi que há Vida para além dessa submissão escrava a uma existência vocacionada para o proveito material e supérfluo, do alimentar uma existência consumista. Do viver uma vida para satisfazer os projectos e caprichos dos outros. Há Vida para lá do "tens que fazer isto! Tens que fazer aquilo! Tens que fazer assim!..." 

Não tenho que fazer nada que vá contra a minha vontade!!!

Foi um ano em que vi muito, observei muito, reflecti muito e aprendi muito. Oh! Se aprendi!...
Acima de tudo aprendi a não me subjugar à vontade chantagista e possessiva dos outros. Aprendi que o melhor caminho para os outros aprenderem, é deixá-los morder a própria cauda.

Foi um ano em que me derrubaram, me chantagearam, me difamaram. Mas no fim, olho agora para trás e não guardo culpa de nada. Observo o caminho percorrido e mantenho a cabeça erguida, disposto a prosseguir, com a dignidade que sempre procurei imprimir em tudo que fosse de minha lavra.

Por tudo isto e muito mais, este foi um dos mais importantes anos da minha vida. Um ano que recordarei por muito tempo e em que me provi de armas e ferramentas para minha salvaguarda nos percursos vindouros.

Acabo este 2008 em Paz e Feliz por ser quem sou!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

ILAÇÕES SOBRE O TEMPO 1

O Tempo é uma continuidade existencial que se mede em ciclos. Pelo menos do nosso ponto de vista dimensional. E a Natureza evolui ao longo do tempo, sempre se renovando e reformulando.

A Humanidade, enquanto parte da Natureza, não está alheia a esse sistema mutável. E se pensar que o pode controlar ou influenciar de algum modo, é pura arrogância. Poderemos quanto muito evitar algumas nefastas consequências sobre a nossa integridade. E pouco mais.

Olhando o comportamento da humanidade no presente, poderíamos parabolizar como sendo um cego num quarto sem porta, procurando a saída. 
Criámos um monstro/civilização que nos escraviza e devora. Deixámos que ele se agigantasse e agora perdemos a firmeza na trela; somos arrastados pelo monstro. E ele dirige-se para o precipício!... 
Mas essa é a nossa oportunidade: o caos!

Até agora, ao longo da nossa História, nós Humanos éramos o nosso principal inimigo. Na nossa mesquinhez, era através da necessidade de ganhar vantagem material nas guerras e disputas, que aplicávamos todo o nosso engenho em melhoramentos tecnológicos, que depois em tempos de paz se revelavam benéficos com aplicações úteis no nosso quotidiano.

Agora que evoluímos até um estado em que somos capazes de promover a nossa própria extinção, passou a Natureza a ser o nosso maior inimigo. Esta a nossa grande oportunidade de dar o Grande Salto em Frente.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

BOAS FESTAS


Para Todos Boas Festas e Feliz 2009!


sábado, 13 de dezembro de 2008

AS CRIANÇAS DA NOSSA AGONIA: O FUTURO

Assistimos diariamente ao recrutamento de crianças e jovens para as mais vis e violentas intervenções sociais.

Falam na nociva influência que os video-jogos têm na formação moral e cívica das crianças e jovens. Mas a criança de 5 anos (5 ANOS!!!) que eu vi, numa reportagem televisiva, que num país africano, envolvido numa daquelas guerras selvaticamente sanguinárias, se apresentava de metralhadora às costas implorando para ser incorporado nas forças de combate, de certeza absoluta não tinha acesso a video-jogos e, muito provavelmente nem saberia do que isso se tratava. Ele apenas vive num mundo de quotidiana violência, em que a dor e o sofrimento são tidos como comuns e a morte é apenas um percalço.

Em zonas de influência islâmica extremista (e cujas práticas nada têm a ver com o Islão anunciado no Corão) as crianças são educadas de modo a perderem o sentido de individualidade e a se sentirem motivadas e impelidas a se explodirem, fazendo com que o seu gesto cause o maior numero de vítimas mortais em redor, crendo nisso como o objectivo máximo das suas vidas.

Na Europa, modelo de tranquilidade social e segurança, amiudadamente vamos assistindo, com um preocupante crescendo de incidências, à sublevação de hordas de jovens investindo com uma agressividade e violência excessivas, contra tudo e todos, recorrendo para tal a qualquer pretexto. Pretexto esse que acaba por ser diminuído pelas proporções  insanas dos protestos.

Com frequência somos sobressaltados sobre notícias de jovens que irrompem pelas escolas que frequentam, armados de armas de fogo e atirando sobre tudo que se mexa, para depois se imolarem a si próprios. E isto em países ricos e envolvendo filhos de classes sociais sem dificuldades de sustento ou sobrevivência.

Casos também de jovens que agridem tanto professores como os próprios colegas, numa completa falta de sentido de limites hierárquicos e respeito pela dignidade de cada indivíduo. Jovens que chegam a programar sessões de espancamento de colegas, para depois exibirem na internet as imagens colhidas durante a prática desses actos.

É nas mãos desta geração de vândalos que entregamos os destinos do mundo.

Mas sei que há muitas excepções por aí. A esperança não está perdida!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

URBANA DIVAGAÇÃO 5: PRÉDIOS E CONSUMOS

A industria imobiliária é um dos grandes motores da economia nacional de qualquer país. Tal como as outras actividades económicas e industriais, ela deve reger-se por regulamentação que orienta e determina os padrões da sua actividade. 
Cabe aos governos, enquanto entidade supervisora dos interesses comunitários e reguladora das actividades que satisfaçam as necessidades da comunidade, legislar em prol do melhor para todos. E agora, mais do que nunca, impõe-se que os governantes decidam em função do equilíbrio e bem-estar dos ecossistemas tanto das comunidades, como das regiões em que se inserem e mesmo numa integração universal.

A moda actual na construção civil é a de incluir já em todos os apartamentos dum edifício acessórios de utilidade comum, tais como fogão, máquinas de lavar roupa e loiça, esquentador para aquecimento de águas, roupeiros incrustados e mesmo lareiras. O custo destes acessórios vem diluído no preço final de cada fracção do imóvel, pelo que os compradores vêm nisso facilitada a tarefa de equipamento dos seus recém adquiridos lares. A Lei obriga também o apetrechamento dos edifícios de altura superior a quatro pisos com ascensores, cujos custos dos ditos e da sua instalação vêm também incluídos no custo final das fracções.

Entendo que seria do interesse geral que a regulamentação da construção civil fosse mais longe nos seus propósitos tendo em conta o bem-estar geral (ou deverei dizer universal?) e a Lei obrigasse os arquitectos e construtores a incluírem nos seus projectos sistemas de gestão de recursos naturais, tais como água e energia. A nova engenharia de gestão de recursos está aí para apresentar propostas e ideias.

A água é um recurso vital para a vida. Porque desperdiçar água potável, que deveria servir apenas para beber e cozinhar, utilizando-a em limpezas domésticas e outras actividades que poderiam ser executadas com água salobra? 
Todos os edifícios deveriam estar providos de sistemas de recolha e aprovisionamento de águas pluviais, que seriam distribuídos através duma rede de canalização independente da de água potável para consumo humano. As águas de recolha seriam utilizadas em todas as actividades de limpeza, manutenção e outras (como rega de plantas e jardins, alimentação de fontes decorativas, ...).

De igual modo todos os edifícios (tanto para habitação como para serviços) deveriam estar providos de sistemas de conversão de energia solar e eólica em energia eléctrica, que seria utilizada nos mesmos, sendo o remanescente enviado para a rede pública.
Igualmente o aquecimento de águas deveria ser feito com recurso à energia solar, através dos sistemas que se entendessem mais adequados e rentáveis. Assim também os sistemas de climatização deveriam utilizar a energia solar, em detrimento do consumo da energia da rede pública de electricidade.

Para haver verdadeiras políticas ecológicas é necessário a inclusão de todos os agentes sociais, assim como todos os indivíduos. Se a função dos governos e parlamentos é legislar, então que o façam segundo perspectivas globais e de interesse geral, tendo em conta o melhor aproveitamento de todos os recursos tecnológicos disponíveis, para uma melhor utilização dos recursos naturais.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A MORTE

Numa sociedade doentiamente obcecada com a segurança, a morte é o cúmulo de todos os pavores e tabus.

Todos nascemos para morrer!

Inevitável, a morte. A doce morte, dádiva da vida, que assim nos liberta dos incontáveis suplícios da imortalidade. 
Uma vida sem morte seria uma existência de Sísifo.

A morte é o grande tabu, desta sociedade de valores distorcidos e anti-natura. Um tabu que motiva logros e sonegações aberrantes; como a de esconder a realidade da morte às crianças.

A morte é vista como uma perda. 
Mas porque não a ver como um ganho? Porque ela é entendida como usurpadora de tudo aquilo a que a nossa avidez de posse (ou ganância, como lhe queiram chamar) nos levou a acumular e a apegarmo-nos doentiamente.

"Nada podes levar contigo." diz-nos o Barqueiro da Morte. E isso é o desaire maior de quem sempre se afirmou através do que adquiriu e acumulou ao longo duma vida desperdiçada numa afirmação através dos bens acumulados. Uma verdadeira prova de mesquinhez e imaturidade anímica.

Na nossa sociedade perdeu-se o sentido da morte. A morte é algo de que nos queremos livrar tão depressa quanto nos livremos dos nossos mortos. 
"Morreu? Enterra-se e a vida segue em frente." Falso! Rotundamente falso! 
Esse desrespeito pelos nossos mortos e a hipocondria com que nos apressamos a livrar-nos deles revela a imaturidade perante a Vida e a Existência em geral. 

Também não é com carpideiras e funerais obscena e extravagantemente luxuosos, onde (muitas vezes) hipocritamente todos se lamuriam da perda do defunto, que se dignifica a morte e o seu valor.

A morte é a libertação e afirma o cumprimento de uma etapa, ao dar-lhe fim. Por isso a morte é uma ocasião de natural e serena satisfação pelo reconhecimento da boa conclusão duma tarefa designada.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O ÁLCOOL MATA!

Eu não sou fumador, mas aprecio a degustação dum bom vinho e sou um apreciador de cerveja.

É proibida a publicidade ao tabaco. Mas permite-se que empresas cervejeiras patrocinem festividades estudantis, onde são distribuídos litros e litros de cerveja (e não é daquela sem álcool) entre os jovens convivas. Sabendo as entidades reguladoras e as responsáveis de saúde pública, o elevado índice de viciação que o álcool tem sobre o organismo.

Em todos os maços de cigarros, ou qualquer outra embalagem que contenha alguma forma de tabaco, são afixados abusivos anúncios, que aludem grosseiramente aos perigos para a saúde decorrentes do consumo de tabaco. Mas ainda não vi nenhum rótulo afixado numa garrafa de qualquer bebida alcoólica, alertando para os graves riscos de saúde (mortais até), além dos transtornos sociais que o consumo de álcool acarreta (não tenho notícia de casos de embriaguez, com todos os seus incómodos para terceiros, por indivíduos terem fumado um ou mais maços de cigarros). 

Depois temos ainda esse discurso esticado até às raias da demagogia paranóica do fumador-passivo. Em contrapartida ninguém chega a casa e maltrata (assedia, ofende e espanca, ou mata mesmo) os familiares por ter fumado um maço de cigarros, mas todos sabemos de incontáveis casos de violência doméstica provocados pelo consumo de álcool.

Que eu tenha conhecimento ainda não se noticiaram acidentes rodoviários provocados pelo consumo de tabaco. O que já não se pode dizer dos provocados pelo consumo de álcool, muitos com vítimas mortais, muitas delas sem responsabilidade nenhuma no seu infortúnio.

Segundo um estudo feito em Inglaterra sobre os malefícios das substâncias causadoras de dependência, compreendendo todas as drogas, naturais ou sintéticas, legais ou ilegais, leves ou pesadas, é o álcool que lidera com o maior número de mortes entre os seus consumidores, sendo assim um nocivo agente para a salubridade individual e social. 

Afinal quem pretendem os governos proteger?

sábado, 1 de novembro de 2008

MACAQUINHO DE IMITAÇÃO

Agora tudo é culpa da globalização, mas esta não apareceu de geração expontânea, nem tão pouco é uma invenção da ganância dos grandes monopolizadores da economia mundial.

Desde sempre que a arrogância euro-cristã se empenhou em disseminar por todo o mundo a sua visão distorcida e anti-natural da condição humana neste planeta. É aí que podemos encontrar as sementes da globalização asfixiante que hoje nos flagela.

Após terem desvirtuado a natureza selvagem original do seu continente natal, enquanto desenvolviam o seu modo de vida artificial, dedicaram-se a transferir o seu viral modelo de existência pelo resto do mundo; criando primeiramente o seu aberrante clone, os USA, que assumiu como sua essa missionária tarefa de redesenhar o mundo segundo os judaico-cristãos interesses egoístas. 

Induzindo os outros povos e nações a adoptarem o seu modelo de vida, essa praga civilizadora disseminou por todo o globo a ilusão de que a vida poderia ser mais agradável através do consumo desenfreado e insensatamente indiscriminado. 
Mas os hábitos de consumo da civilização actual são predadores insaciáveis de recursos que não são ilimitados. Isso põe em causa a subsistência da própria civilização e, com ela, da própria humanidade.

A massificação e recorrência a modelos únicos de sobrevivência, leva a uma maior delapidação dos recursos, com toda a gravidade de situações daí decorrentes, devidas a carências e todo o tipo de injustiças na distribuição de recursos.

Com ou sem influência humana, é inegável que o planeta está numa fase de alteração de padrões anteriormente tidos como imutáveis e reguladores dos hábitos mais primários.
Urge que a humanidade procure ao seu redor os recursos que lhe são disponíveis e aprenda a tirar deles o melhor partido, sempre procurando manter um equilíbrio salutar com o meio ambiente. Deixando de copiar e importar, por vaidade e submissão a interesses terceiros, as soluções que não se adequam ao seu meio particular.

Temos (humanidade) que deixar de nos andarmos a macaquear uns aos outros, para passarmos a encontrar por nós próprios os modos que melhor se adequem às particularidades do nosso meio (habitat) particular. Além de muitas outras vantagens, uma filosofia existencial dessas iria criar brechas nos modelos vigentes dos grandes agentes corporativos económicos, libertando-nos assim desse jogo explorador neo-esclavagista. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O PODER AOS GOVERNANTES 1

Nas Democracias actuais é cada vez mais evidente que quem governa mesmo não são os governantes eleitos pelo povo através de eleições livres e imparciais.

A cada nova eleição democrática para novos orgãos governativos, o povo se suspende da expectativa duma redenção que melhore as suas condições de existência. Mas na política não há milagres; muito menos quando é uma política contaminada de invisível ingestão.

Todo o quotidiano da grande política mundial é um mercado de interesses económicos, que nada têm a ver com o bem-estar das populações.
Existem neste mundo de mercado global grandes empresas e consórcios cujo montante de volume de negócios e riqueza, repartida entre os seus administradores, é superior ao PIB de muitos países. 
São estes aglomerados económicos supra-governamentais, cúmplices duma estratégia de pura ganância, que controlam os destinos políticos e estratégicos mundiais e que acabam por influir nas políticas governamentais de cada nação, pois cada vez mais os governantes estão reféns da economia global.

É vergonhoso que num planeta rico de recursos haja tanta fome e miséria.

Vivemos numa sociedade neo-esclavagista, em que é dado aos novos-escravos (ler: povo) o direito de elegerem aqueles que sobre si irão aplicar os regimes que os Senhores Obscuramente Invisíveis da Economia ditarem.

Mui grave é ser essa miséria voluntariamente aceite pelas suas próprias vítimas, pela sua persistência numa ostensiva e voluntária ignorância. 
Quando um povo se refugia atrás de tradições culturais e religiosas, usando-as como pretexto para não evoluir, está abrindo caminho para que os oportunistas mais vis e despudoradamente criminosos se utilizem delas para os seus paranóicos interesses de poder e ganância.

sábado, 18 de outubro de 2008

O CASO GAY 3: MINORIAS?!

Ciclicamente se vem falar em praça pública dos direitos dos homossexuais. 
O debate dos direitos das minorias é sempre um tema muito querido aos políticos, principalmente quando tal debate pode significar angariação de votos. E entre as minorias mais em voga estão os homossexuais, contudo eu creio haver aí uma correcção a fazer.

Os homossexuais não são uma minoria. Minoria é o conjunto de homossexuais assumidos; os ditos gays e lésbicas. Pois quanto aos restantes homossexuais, pesa o medo da assunção, que leva a muitos optarem por vidas frustradas e casamentos (heterossexuais) de fachada e conveniência.
Não é necessário consumar actos sexuais com indivíduos do mesmo sexo para se ser homossexual, nem mesmo admitir para si próprio e em segredo, que se é homossexual para o ser.

A homossexualidade não é uma opção, nem um fardo. É um estado de identidade, que nestas sociedades dogmáticas e preconceituosas, carregadas de séculos de tradições castradoras da identidade individual, se torna por vezes motivo de mau estar e pretexto para todo o tipo de sevícias.

Todo o indivíduo, enquanto participante do todo social, contribuindo para a edificação dessa mesma sociedade e nela participando como elemento contributivo, tem o direito a que lhe sejam atribuídos os mesmos direitos que aos seus pares.
Talvez que o receio dos legisladores seja que ao se darem direitos idênticos aos homossexuais se vejam levantar mais véus e se descubra que afinal somos mais que uma simples minoria <bizarra e depravada>.

A homossexualidade é comum na natureza. Ela acompanha a Humanidade desde o seu alvor. Cada vez mais os arqueólogos, antropólogos e historiadores constatam que os comportamentos homossexuais não eram tão estranhos, nem dignos de referência particular, nas culturas mais simples e naturais. 
Aliás, na Antiguidade não havia nenhum vocábulo para definir tais comportamentos. A catalogação de comportamentos é uma coisa moderna, uma coisa mais recente, que surge com o advento da Ciência e da sua febre catalogadora.

Eu sou homossexual e não considero que isso me faça pertencer a uma minoria, pois ao sair à rua e olhando com atenção à minha volta, leio muitos comportamentos e sinais denunciadores de verdades escondidas e abafadas, cruelmente abafadas. À estados de alma que os olhos não conseguem negar.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O ERRO DA HISTÓRIA

Dos fracos não reza a história!
A História é feita (ou contada) pelos vencedores!
São algumas da expressões que ouvimos relacionadas com esse aspecto do conhecimento científico humano.

Criada como ciência entre os folhos do romantismo, a História desde logo se moldou como um rosário de heróis, magnos reis e guerras épicas. Pouco espaço deixando para o relato da evolução da Humanidade através do entendimento da sua dimensão humana e natural. Pelo contrário, a História sempre se esforçou por apresentar a Humanidade como algo dissociado da Natureza.
Nada de mais errado!

Nunca a História se lembrou de fazer o apontamento e verificação, das condições climatéricas nos seus relatos e estudos. Erro crasso! Erro de dimensões muito gravosas para a compreensão e busca de respostas para o nosso presente.
Felizmente que alguns meteorologistas e historiadores já começaram a reparar essa falha grave no conhecimento da nossa evolução, como espécie e como civilização.

Muitos dos nichos de incompreensão de certos períodos misteriosos de colapsos civilizacionais e outras ocorrências bizarras, são melhor entendidas quando aos factos já conhecidos se juntam os elementos de dados climáticos e meteorológicos ocorridos nesses períodos.
Poderão pensar que isso é de somenos importância. Não é!

Se ao longo da nossa evolução mantivéssemos uma relação mais compreensiva e inclusiva do nosso elo vinculativo à Natureza, estaríamos hoje muito melhor e mais bem preparados para o futuro próximo que nos espera. Teríamos desde à muito o entendimento das cambiantes meteorológicas da Terra e assim melhor preparados estaríamos para enfrentar os desafios, principalmente pela sua antecipação, pois mais habilitados estaríamos na leitura de padrões.

Mas ainda não está tudo perdido. O momento é de mobilização geral!
Cabe a cada um se educar e consciencializar do seu papel de membro integrado num todo muito vasto que é o imenso ecossistema natural da Terra.

É de uma arrogância absurda supor que a Humanidade poderia evoluir dissociada da evolução do Planeta, do qual fazemos parte.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

SINCERIDADE E VIRTUDES

A vida em comunidade impõe regras para uma boa convivência entre os seus membros.
Daí veio a Moral e desta as Virtudes.

Em Democracia venera-se o culto da Verdade e de todas as Virtudes a ela associadas. Entre elas vem a Sinceridade abrindo o cortejo, por ser aquela que impõe como regra primeira a revelação do que se pensa, sente ou quer. E então tropeçamos nessa sinceridade verdadeira estampada por todo lado, muitas das vezes sem a termos pedido e sem que ela nos interesse, ou seja útil de qualquer modo.

Uma das primeiras regras para um viver harmonioso é o Bom-Senso. E ele deve ser aplicado em tudo; até mesmo às Virtudes.

Virtude sem Bom-Senso é arrogância e afrontamento.

Poderiamos dizer que a Coragem sem Bom-Senso é loucura. Assim como Honestidade sem ele pode se tornar em cumplicidade maliciosa. E a Sinceridade vira desaforo e petulância.

Mas a mais comum falha na aplicação das Virtudes é a Sinceridade, pois muitas vezes ela causa mágoa e e incómodos desnecessários.

Será que temos mesmo necessidade de saber o que pensam e dizem sobre nós na nossa ausência? Será que isso melhorará as nossas existências? Sinceramente creio que nem sempre.

Vive-se uma euforia de informação, sempre supostamente baseada na revelação completa da Verdade. Os orgãos de comunicação metralham-nos com todo o tipo de informações, muitas delas apoiadas por imagens explicitamente reveladoras, respeitando o venerando princípio da Verdade.
Mas será que muita dessa verdade é de alguma utilidade favorável para quem é surpreendido por ela? Será que temos mesmo de saber toda a verdade dum modo raiando o exibicionismo? Será que não haverão outros modos de apresentar a Verdade com mais dignidade e respeito por aqueles a quem ela é supostamente dirigida?

Há ainda a Liberdade que muitos entendem como o direito de apregoar o que entendem ser a necessária Verdade. E lá voltamos de novo à Sinceridade.
À Sinceridade e Liberdade de se afirmar o nosso pensamento, sentimento ou parecer, é prioritária a avaliação do impacto que aquilo que queremos transmitir terá sobre os alvos visados.
À falta de bom-senso, o melhor é o silêncio.

As Virtudes apenas o são enquanto acções conducentes à Harmonia e Evolução.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

"É A ECONOMIA, ESTÚPIDO!"

A grande moda política da actualidade é a Democracia.

A Democracia divinizada pelos USA e pela União Europeia. A Democracia evangelizada e impingida, nem que seja pela força das bombas, por esse mundo fora; sem sequer questionar se os povos locais estão interessados nessa democracia, ou mesmo culturalmente aptos a viver nela.

A Sacrossanta Democracia doutrinada como panaceia para todos os males sociais e políticos. Mas uma democracia tão franzina na sua debilidade, porque minada de corrupção e interesses mais $elevados$. Uma Democracia que pouco tem de política.

Antes fazia-se política, discutia-se política; a política governava. Eram os políticos, democratas ou não, quem governava.
Agora gere-se a política, administra-se a política, investe-se a (e na) política. Os políticos deixaram de ser os governantes para serem os aplicadores das directrizes economicistas ditadas pelos senhores, que na sombra, gerem os destinos do mundo.

Eu não sou democrata e tenho muitas suspeitas quanto à verdadeira justiça do sistema governativo democrático.
A Democracia, por princípio, é sempre a vontade da maioria; logo imposta sobre a minoria. E eu como membro duma minoria serei sempre um elemento secundário nesse sistema sociopolítico; um cidadão menor, um cidadão de segunda.

Não me venham com essa conversa-da-treta de que as Constituições Democráticas salvaguardam os direitos humanos, assim como os direitos das minorias. É tudo balela!

A própria criação de instituições de solidariedade social para a defesa e integração das minorias é prova de como as minorias são espezinhadas pela ditadura da maioria. A Ditadura da Democracia é orientada por massivas campanhas de marketing político (a que muito polidamente se dá o nome de campanhas eleitorais), com objectivo de dissimular através do voto as orientações previamente determinadas em gabinetes incógnitos.

Os rituais mantêm-se, mas os vermes parasitários correm atarefados por trás dos cortinados e reposteiros. A Vetusta Honra dos Grandes Salões perdeu a sua dignidade, para a voracidade da ganância desmedida e desumana.
Os eleitos governantes são apenas actores que lêem e executam um drama, escrito e encenado por autores desconhecidos das maiorias votantes e, esses senhores obscuros, esses sim são os verdadeiros governantes; os senhores todo-poderosos. Mas embora sejam esses senhores quem governe, não foram de modo nenhum eleitos pela maioria. Onde está a Democracia aí?

É lastimavelmente vergonhosa a manifesta incapacidade dos governantes democraticamente eleitos solucionarem os problemas sociais mais pungentes no mundo, como seja a fome, a guerra, o desemprego, a poluição desenfreada, ...

Não é mais a política quem governa. É a economia, estúpido!

domingo, 7 de setembro de 2008

O INSULTO

Decorreu a cerimónia de abertura dos Jogos Paralímpicos de 2008 em Pequim.

O desfile ignóbil de deficientes, aleijados, estropiados, deformados, foi um insulto à arrogância narcísica dos Deuses do Olímpo e ao seu culto pela Beleza Física.

Mas eu só via Beleza!!!
Uma Beleza transbordante de Felicidade!

Vi Beleza naqueles Olhos plenos de Fé e Esperança!

Vi Beleza naqueles Sorrisos de Alegria de quem está dando Tudo que tem de Melhor! E pedindo tão pouco, ou nada, em troca.

Vi Beleza na Satisfação de quem aproveita cada minuto, cada segundo da Vida. Quem Aprendeu que cada segundo vivido é uma Vitória.

Vi a Beleza da Dedicação daqueles que esquecidos pela sociedade, que os devia acolher, ainda dão Todo o seu Melhor para representarem com toda a Dignidade e presentearem, essa mesma sociedade-madrasta, com os melhores Troféus. Essa sociedade que os trata como seres de segunda. Que os ignora em toda linha, apenas se lembrando deles para posar ao lado na fotografia, em auto-promoção.

Vi Beleza naqueles Rostos que se erguiam Honestos, Dignos... Olímpicos!
Estes sim, verdadeiramente Olímpicos!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

ONE WORLD, ONE DREAM

«One World, One Dream», «Um Mundo, Um Sonho» este o lema das Olimpíadas de 2008 de Pequim. A ideia subjacente à concepção organizativa do evento.

E o sonho é fazer deste planeta um mundo único, com uma humanidade apenas. Uma ideia de comunhão e de união pacificadora, muito desejável.

Uma ideia assaz muito querida aos revolucionários da Internacional-Socialista: a unificação dos povos em torno dum ideal comum.

Mas vivemos na era da crise dos idealismos e das idealogias. A massificação trouxe em si o seu antídoto; a individualização. Ao evoluirmos para uma maior proximidade entre todos, criando condições para mais fáceis modos de comunicação e deslocamento, criámos também a possibilidade dum confronto generalizado de todos com as diferenças existentes entre todos. Isso remete o indivíduo à sua singularidade. E essa remissão é mal querida pelos ideais hegemónicos nacionalistas.

A facilitação do contacto global leva cada indivíduo a confrontar-se com outros modos e outros saberes, permitindo-lhe assim questionar-se sobre qual o seu papel no contexto social em que se encontra. Só que agora o contexto social alargou-se para além da sua casa, do seu bairro, da sua cidade, do seu país. Agora, todo aquele que tem acesso aos meios mais modernos de comunicação, é um cidadão do mundo. Através da internet cada um de nós consegue instantaneamente ficar em contacto com algum antípoda desconhecido, com uma tradição e cultura diametralmente opostos.

Ainda e sempre, a omnipresente ideia da globalização. Vivemos na era da globalização. E se para uns esta palavra é aterradora, para outros ela é apetecivelmente inspiradora ($proveitosa$).
A ideia da universalidade, da inter-nacionalidade, da comunhão entre nações, povos e indivíduos. Poderá parecer utópico, mas para lá caminhamos. Devagar e enviesadamente, mas caminhamos.

Vivemos na era da comunicação fácil e das deslocações rápidas. Numa questão de horas voamos dum continente a outro, ficando perante pessoas com outros costumes e com outros hábitos.
As comunicações facilitadas pela rede mundial de internet permitem o acesso instantâneo entre pessoas que vivem nos antípodas uma da outra, pessoas com culturas e tradições diferentes, pessoas com condições sociais diferentes, pessoas com objectivos e ambições diferentes, pessoas com similaridades também. Isso possibilita o entendimento e aceitação do diferente. Permite a troca de ideias e a desmistificação do «estrangeiro».

Afinal todos nós somos «pessoas», somos humanos. Todos procuramos viver segundo as nossas expectativas. E cada vez mais essas expectativas se vão assemelhando entre os habitantes das mais longínquas partes do globo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

FUNDOS PRETOS

Porque uso fundos pretos nos meus blogues?

Talvez alguns de vós já tenham reparado que os meus blogs têm todos um formato idêntico, de fundo preto.
Alguns poderão pensar que tal se possa dever a alguma tendência de estética gótica, ou por alguma preferência de cor. Embora eu seja um esteta, contudo não dandy, a opção pelo preto deveu-se a duas razões prioritárias, que achei relevantes na hora de definir os objectivos dos meus blogs.
Prendem-se essas razões com questões de bem-estar. Tanto de bem-estar individual, como universal.

Começando pelo bem-estar universal.
O preto como fundo no painel de trabalho do computador é a cor que menos energia consome. Sendo assim, ao optarmos pelo uso do preto como fundo de trabalho nos nossos computadores estamos consumindo menos energia. E grão a grão...
Se todos optassemos pelo uso dos fundos pretos creio que isso iria reflectir alguma melhoria na gestão de consumos energéticos. E quantos mais fossemos a optar pelo fundo preto maior seria o benefício.

Num plano individual, a minha opção pelo preto é apenas porque ele emite muito menos radiações que os fundos claros (daí o menor consumo de energias). Isso traz melhorias na preservação da visão, por expor menos os olhos a uma dose excessiva de radiações.
Todos sabemos que longas horas frente a um monitor cansa a vista, com graves consequências a longo prazo. Esse esforço exigido da visão é minimizado com a utilização de fundos negros, senão mesmo pretos.
O uso do fundo branco nos computadores é apenas uma tentativa de conservar um hábito ganho de séculos do uso do papel branco. Ora o mundo virtual não necessita de papel, logo deveria haver uma ousadia maior na implementação de novos hábitos, mais benéficos.
As próprias empresas de produção de aplicativos informáticos deveriam ser instruidas e incentivadas a promoverem essas mudanças.


Preconceitos àparte a opção pelo preto, como fundo de trabalho na informática, é uma medida saudável e ecológica.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

BARRAS E CORRENTES

«Se não têm pão que comam brioche!»

Aqui sentados, no conforto tranquilo dos nossos lares, é fácil nos esquecermos que há outros mundos. Mundos muito menos tranquilos que o nosso. Mundos para onde atiramos aqueles que não queremos entre nós, porque eles não aprenderam, ou não quiseram cumprir as regras do nosso mundo.
E o nosso é um mundo regrado e inflexível, tal como o mundo que esses indesejados criam nesses covis para onde os despejamos.

Os que não cumprem as regras da sociedade são julgados e punidos, em conformidade com a gravidade da transgressão. E a punição é o encarceramento.
Para isso criámos prisões onde enjaulamos essas feras indomadas, que perturbam a tranquilidade social.

Se apenas os deixarmos lá, cumprindo o tempo de pena que lhes foi estipulado, eles continuarão feras indomadas. Alguns até aprenderão, através do convívio inter-pares, a agravar a sua tendência à indomabilidade, saindo mais perigosos do que entraram.
Dentro das cadeias formam-se pequenos mundos organizados de criminologia cumplicitária que depois é transposto para o exterior no fim do cumprimento das penas.

Nos tempos de crise social e económica que atravessamos, o aumento da delinquência e criminalidade é inevitável. As prisões vão ficando cada vez mais lotadas e o mau acondicionamento dos detidos apenas irá ampliar a sua revolta e tendências predatórias. Isso agrava o risco para aqueles, que cá fora, pensam estar a salvo dos criminosos.

Um criminoso é um ser humano, por mais hediondo que tenha sido o seu crime. Isto é um facto! Pode ser difícil de aceitar, mas é um facto. E tal como qualquer outro ser humano, ao criminoso também assistem direitos; os mesmos Direitos Universais do Ser Humano.

Como sociedade civilizada e evoluída (seja lá o que isso for) devemos dar uma atenção particular aos criminosos. Alguns casos serão patológicos e irremediáveis, mas outros são apenas fruto da ocasião («a ocasião faz o ladrão», diz o provérbio) e da falta de preparação moral e educacional do delinquente. Lançar todos para a mesma jaula é estimular a propagação de maus modelos comportamentais.

Todos os anos se formam pedagogos e psicólogos nas nossas faculdades. Porque não preparar esses técnicos para os direccionar a um trabalho regenerativo de comportamentos socias junto das populações de encarcerados?
É mais que tempo de ser reconhecido à Psicologia o estatuto de ciência de utilidade pública, que lhe é devido, por cada vez mais necessária se estar tornando neste mundo paranóico.

«Longe do olhar, longe das preocupações». Não basta! Já deveriamos estar eticamente muito além disso. É tempo de se rever todo o sistema jurídico e penal das nossas sociedades cultas e cientificamente avançadas. Não podemos continuar enjaulando pessoas como o faziam no passado as sociedades menos evoluídas.
Mais ainda quando se verifica que as prisões funcionam como centros de propagação de mais violência e tendencialmente mais agravada.

A caldeação no mesmo espaço dos mais variados tipos de delinquentes leva à propagação de mais violência.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

URBANA DIVAGAÇÃO 4: SÉNIORES E INFANTIS

A nossa maravilhosa civilização, repleta de prodígios tecnológicos e científicos, tem criado as condições propícias para uma maior esperança de vida das populações. Vivemos mais tempo, pois temos melhores condições de vida e melhores cuidados sanitários. Isso é excelente!

Esta é também, cada vez mais, uma civilização urbana. A maioria da população mundial aglomera-se em cidades que crescem desmesuradamente. Expandindo-se muito para além do racional e urbanamente aconselhável, indo muito além do humanamente suportável. Isso é pernicioso!

Os ritmos e padrões de vida urbanos são muito dificilmente ajustáveis aos tradicionais modelos familiares de existência. Contrariamente ao modelo anterior de sociedade baseada no modelo de núcleo familiar (modelo esse desenvolvido numa sociedade rural em extinção), agora construimos uma sociedade de indivíduos.

O que se constacta é que os perfis de autonomia desses indivíduos conflituam com as interdependências próprias duma vivência nuclear de família. Isso leva a brechas no tecido social, que se fragmenta ainda numa fase de transformação, ainda sem modelos definidos.

As famílias são mais pequenas e muitas vezes fragmentadas pelo número crescente de divórcios. Já não se encontram grupos familiares em que coabitem três gerações (avós, pais e netos). Muitas crianças nem chegam a conviver com os avós, que para elas são uns velhinhos instalados em instituições com nomes como «lar de idosos» ou «casas de repouso» (mas que se parecem mais com hospícios de lenta degradação humana).

Se antes os indivíduos séniores eram uma presença respeitada e valorizada na família, agora são tidos como empecilhos dos quais nos queremos desenvencilhar o mais rapidamente possível. O sénior tornou-se um apêndice a amputar da sociedade.
A imagem do idoso é um estigma que assusta uma sociedade em que a juventude é idolatrada como a fonte de beleza e longevidade; uma perfição vazia de conteúdo.

É necessário, para a sanidade do organismo social das nossas cidades, refazer o elo entre os séniores e os infantis. É essencial dar às crianças a oportunidade de recolherem directamente da fonte, o conhecimento e experiência de anos de vida dos nossos anciões. As instituições sociais encarregues da ocupação diária de idosos e crianças, não deveriam ser orgãos estanques, muito menos entre si. Deveriam ser pensados modos de interacção dos idosos com os mais pequeninos, duma maneira que fosse salutar e profícua para ambos.
Não sou especialista em nenhuma das áreas pelo que não vou avançar propostas não amadurecidas, mas desafio alguns de vós a fazê-lo.

Se nos estamos a tornar numa sociedade urbana, então as cidades deverão ser repensadas na sua planificação e reformuladas as já constituidas. E sendo a esperança de vida cada vez maior, então deveremos repensar o papel dos séniores na nova sociedade.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

TEMPO

O Tempo é uma medida humana variável. E é em si um paradoxo.

Todos nós possuímos no cérebro um orgão que nos dá a percepção do tempo e regula os nossos ritmos. Podemos prescindir do relógio de pulso que o nosso organismo manterá o ritmo e sequência das suas funções. Mas embora a medição do tempo seja uma função orgânica, ela também é psicologicamente alterável, fazendo com que o tempo se expanda ou contráia. O ambiente é um dos factores que pode induzir essas alterações.

Na nossa sociedade tecnologicamente capaz de criar as condições que nos possibilitem uma mais longa esperança de vida, também tem em si os mecanismos que nos levam a acelerar o percurso dessa mais lata vivência. Acabando assim por encurtar aquilo que alonga. Eu explico.

Como já disse, hoje temos uma esperança de vida mais longa, nos países e sociedades tecnologicamente mais avançados. Contudo nessas sociedades impômo-nos ritmos de vida mais acelerados, pela ânsia da competitividade e pelo desejo de tudo querer alcançar. Tal, na crença de que no acumular de vivências reside a plena felicidade.
Perdeu-se o prazer do puro usufruto do momento de estar vivo. Apenas vivo. Tal carência altera a percepção do tempo, pelo que este parece nos fugir como água escorrendo entre os dedos.

Aí reside o paradoxo; ao alongarmos o tempo cronológico de vida, encurtamos o tempo psicológico de vivência. Isso porque nos sobrecarregamos de ansiedade. Queremos tudo; agora e já! E para o conseguirmos sujeitamo-nos a um correr atrás de ilusões, preenchendo todos os momentos de actividades que, maior parte das vezes, nos desagradam e enfastiam.
Faltou-nos a inteligência de perceber que com a expansão do tempo de vida poderiamos usufruir mais desta.

Aprendemos e habituamo-nos a sobre-estimular os sentidos, passando para níveis mais frenéticos de existência e acabamos por forçar todo o organismo a se regular por esses ritmos elevados. Trocámos a paz espiritual do desapego pela ânsia da posse material.
Tal não parece nada saudável, pois não?

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

MALEFÍCIOS SOCIAIS DO CAFÉ

Inofensivo. Inofensivo?!

Nada inofensivo o gesto despreocupado que rotineiramente milhões de pessoas repetem nas grandes e superpovoadas urbes modernas, onde o sistema competitivo dum capitalismo desumanizado impele as nossas vidas. Gigantesco motor invisível e ininterrupto que controla as nossas existências indiferente às mais dignas necessidades da condição humana. Falo do cafézinho de que tantos milhares dependem, para suportar o seu dia-a-dia.

Pela manhã é um cafézinho para ajudar a despertar. A meio da manhã outro cafézinho como desculpa para um intervalo no trabalho rotineiro. Depois do almoço mais um cafézinho para ajudar a digestão. A meio da tarde ainda outro cafézinho para revitalizar e ajudar a cumprir o resto dum já longo e enfadonho dia do mesmo trabalho inglório. À saída do trabalho mais um cafézinho para ajudar com algumas energias extras o regresso a casa. Depois de jantar mais um cafézinho para de novo ajudar a digestão e ter um pretexto para sair um pouco e confraternizar com os amigos.
Não os vou contar, tão pouco porque muitos há que bebem mais, que esses cafés que referi, ao longo do dia.

Muitos há que substituem a primeira refeição do dia apenas por uma pequena xícara de café expresso. Ora como estimulante, o café tomado logo pela manhã, deixa a pessoa mais excitada e susceptível.
Na correria matinal de transportes, públicos ou particulares, o mau humor depressa se instala, divedo ao nervosismo de querer chegar a tempo, receando as represálias da entidade patronal por qualquer atraso. Qualquer contratempo assume proporções de infame boicote sabotador das nossas prioridades.
Mau humor esse que se prolonga pelo dia, porque o trabalho é enfadonho e só nos sujeitamos a ele por necessidade dum salário, não encontrando nele nehuma satisfação pessoal de afirmação.

O mundo pesa-nos sobre os ombros. Sentimo-nos derrotados, frustrados com as vidas monótonas e inglórias que somos forçados a aceitar, se queremos manter um perfil social considerado comum e ideal, mas que muitas vezes não é bem aquilo que no fundo mais gostariamos para nós. E para fugirmos a esse estado pré-depressivo recorremos ao café como estimulante para nos dar a falsa sensação de que até somos capazes de suportar a ignomínia de não sermos senhores de nós próprios, nem da nossa vontade. Depois refilamos, praguejamos, importunamos e confrontamo-nos com quem se cruze, nem que seja inadvertidamente, no nosso caminho.

Desde o primeiro cafézinho da manhã ficamos possuídos duma obsessão de alcançar...
Nunca o saberemos! Por certo o que quisermos alcançar, não será algo que tenha a ver com a tranquilidade em que gostariamos de poder desfrutar do prazer de estar vivo.
Esse cafézinho inofensivo excita-nos, põe-nos susceptíveis, vulneráveis, irritáveis, numa dissimulada agonia que se reflecte num comportamento pouco sociável, num meio urbano onde cada centímetro quadrado do nosso espaço é continuamente invadido por centenas de outros em igual estado de neurótica exaltação.

A acessibilidade generalizada a tudo, proporcionada por este nosso modelo social, permite o acesso a substâncias que outrora tinham a sua função ritualizada e circunscrita, por serem alteradoras dos estados de alma.
O café é o combustível que alimenta este estado demente em que vivemos o nosso quotidiano, ao proporcionar-nos o estado de estimulação que interessa aos empregadores para conseguir mais rendimento dos seus funcionários. As maquininhas de café que tão gentilmente as empresas e patrões, colocam estrategicamente nos locais de trabalho, não são um brinde assim tão benemérito.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

OS UNS E OS OUTROS

A toxicodependência é uma doença, tal como a depressão.

As perturbações fisiológicas que induzem à toxicodependência são de padrões semelhantes às que induzem à depressão. Não estou dizendo que uma e outra são a mesma coisa, mas sim que tanto uma como outra são patologias devidas a deficiente funcionamento de áreas específicas do cérebro. Tudo passa pelo funcionamento electro-físico-químico em que se baseia toda a actividade cerebral.

Estou descriminalizando os toxicodependentes? Sim, estou!
Estou descriminalizando os comportamentos criminosos a que podem chegar os toxicodependentes? Não! De modo nenhum! Todo o ser Humano é responsável pelos seus actos. A toxicodependência pode ser uma doença, mas os toxicodependentes não são dementes inimputáveis.

Ainda seguindo o paralelismo com a depressão (penso nas duas como doenças irmãs), tal como o indivíduo propenso à depressão procura ajuda clínica para se recuperar e tentar manter uma vida normal, também o toxicómano pode e deve fazê-lo. Embora essas disfunções sejam congénitas e, até onde a ciência humana sabe, irreversíveis, os seus efeitos podem ser atenuados e controlados.

Mas o universo da toxicodependência é um imenso antro de parasitas sem escrúpulos. E, esses sim, são criminosos completamente imputáveis e sem direito a apelo. Esses parasitas sociais são duplamente condenáveis. Eles se aproveitam duma deficiência alheia para satisfação da sua imensa ganância. E induzem todo o tipo de recursos criminosos para satisfação dos seus intentos, com todo o impacto negativo dos comportamentos anti-sociais, que estimulam para a concretização dos seus mercados.
Os mercados de droga são os mais disseminados pelo planeta e sustentáculo de imensas fortunas dissimuladas e ilegais. E como se isso não bastasse, para condenar as suas actividades, ainda contribuem grandemente para o financiamento e promoção dessa ignóbil e desprezível nova forma de guerra que é o terrorismo.

06 DE AGOSTO, HIROXIMA

Seis de Agosto, eternamente! O Dia de infame memória para toda a Humanidade!

Fomos todos nós que voámos no bojo do Enola Gay.
Fomos todos que largámos a Little Boy.

As mãos de toda a Humanidade estão sujas do sangue daqueles que pereceram nesse dia, assim como daqueles que ainda perecem e perecerão das consequências de tão hediondo acto.
Hiroxima perdurará como a memória da insanidade a que a racionalidade nos pode levar.

As nossas Orações estão com aqueles irmãos imolados no Altar da Estupidez!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

MULTI-DIVERSIDADE

Hoje só nos resta viver o Futuro.

Tradição, nação, pátria, identidade cultural. Não podemos continuar apegados a velhos paradigmas se queremos construir um mundo melhor. Desde sempre as nações conviveram, mais ou menos belicosamente, com os seus vizinhos numa afirmação das suas diferenças. Servindo-se das diferenças ou similaridades para promover disputas e anexações territoriais; mas sempre com o fim derradeiro de impôr a sua vontade e supremacia aos demais.

Para a construção duma paz duradoura não nos podemos impôr o desafio mais improvável de todos: o de tentar harmonizar costumes contraditórios de diferentes culturas. A própria ideia de Pátria ou Nação, seja lá isso o que for, é descabida num mundo que se pretende pacífico e motivado num propósito comum: o de dar a cada um dos seus cidadãos a dignidade que lhe é devida. Descabida num mundo em que cada vez mais a individualidade de cada um se sobrepõe à hegemonia de modelos condicionadores e inibidores da singularidade, assim como o seu direito a essa identidade própria.

As diferentes culturas e tradições surjiram ao longo do desenvolvimento dos povos como uma adaptação às condições do meio em que viviam. Em contacto com outros povos, de origens diversas, essas diferenças do modus vivendus serviam como referencial identificador. E de gestos práticos, com um desígnio utilitário, passaram a marcadores folclóricos duma identidade cultural, posteriormente nacional.

A civilização do Século XXI baseia-se na livre circulação de indivíduos, conhecimentos, produtos e costumes. Quando grandes empresas exportam os seus produtos por todo mundo, junto com essas mercadorias vai um acervo cultural relacionado com o propósito e utilização dessa mercadoria. Assim aqueles que mais poder económico têm, mais produzem e mais exportam, colonizando assim culturalmente todos aqueles que passarem a consumidores dos seus produtos.

Podem ser muito pitorescas e turisticamente aliciadoras, as tradições regionais, algumas com milénios de existência, mas na sua maioria estão completamente obsoletas e desprovidas de todo o seu sentido ao perderem o seu propósito inicial. Não passam de postais animados para os turistas levarem nas suas câmaras de foto ou vídeo, como recordação. E depois queremos afirmar direitos de preservação cultural por isto? Por um carnaval hipocritamente arvorado de respeitável tradição? Oh!... Me poupem!

Felizmente que sou um apátrida. Nasci numa Terra que não me reconhece como filho e fui adoptado por uma nação que apenas o fez por fardo de consciência de potência colonizadora, a qual eu renego. Assim, livre de obrigações sentimentais de nacionalismos embutidos, constacto a evidente inutilidade dessas posturas balofamente pomposas. E tão vilmente minadoras dum saudável reconhecimento de qualquer identidade individual.

Sócrates, esse intemporal filósofo helénico, disse: «Eu sou um cidadão do mundo!» Não pode haver pensamento mais actual para o mundo que voluntária ou involuntariamente estamos construindo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

A VIRTUDE DA GUERRA

A Cronologia do Tempo.
A História.
O Conhecimento acumulado; que não corresponde, infelizmente, ao Conhecimento adquirido.
As Virtudes e a Honra.

A Humanidade percorre um trilho de escolhos e ganhos, tal como cada um de nós individualmente. E nesse percurso é suposto que ambos ganhem experiência e acima de tudo, Sabedoria.

De muitos recursos se tem valido a Humanidade na sua busca pelo Conhecimento, que nos proporcionasse um melhor existir. Tudo temos procurado entender e explicar, para melhor fazermos uso do que estivesse ao nosso alcance. E assim prosseguimos essa busca sem limites e que nos tem levado a lugares e desvelado saberes, anteriormente inimagináveis e tidos até como improváveis e mesmo impossíveis.

Na nossa contínua busca e insaciabilidade, criámos as mais díspares culturas, com os mais diversos costumes e as mais diferentes línguas.
A nossa inventividade e inspiração são inesgotáveis e a nossa imaginação alimenta-se a si própria, ostentada qual farol, na vanguarda de todos os nossos avanços. E através da criatividade gerada pela imaginação alcançámos, alcançamos e alcançaremos os maiores feitos. E deixamos por todo o lado a marca indelével da nossa presença.

Evoluimos longe uns dos outros. Evoluimos apoiados uns nos outros. Evoluimos uns contra os outros. Mas sempre evoluimos e continuamos evoluindo. Uns mais lestos que outros, mas evoluindo.

Mas ao longo de todo o nosso percurso sempre tivemos por companheira a Guerra.
Desde que o Homem deixou marcas da sua passagem por este Mundo, sempre ficaram vestígios ou registos da nossa propensão para a guerra. Tudo servia como pretexto para guerrear: disputas de soberania, disputas territoriais, ampliação de territórios, afirmação de poder, resolução de conflitos políticos ou religiosos e tantos, tantos outros pretextos. Desde os motivos entendidos como mais honrosos até aos mais mesquinhos, tudo serviu como justificação para fazer guerra.

Mas, fazendo uma analogia com as idades humanas, diriamos que a guerra seria admissível na infância e adolescência da humanidade. Mas agora, embora ainda atravessando os verdes anos da juventude, já vamos nos aproximando do estado adulto. E se por vezes é compreendido nas crianças o recurso à violência como forma de se afirmarem e de auto-reconhecerem as suas limitações, o mesmo já não se espera, nem tolera, de jovens garbosos dos seus novos atributos de pré-maioridade. Mesmo sendo essa a idade em que se entende estarem aptos (os mancebos) para o serviço militar; pura ironia dum Deus com um bizarro sentido de humor.

Ora, poderia parecer que a Humanidade já atingiu a maturidade suficiente para entender que a guerra não resolve problemas. Tem até o perverso efeito de criar ainda mais.

Contudo, hoje já não se fazem guerras para engrandecer Impérios que iriam deixar um legado indelével da sua cultura superior aos povos menos evoluidos, que se submeteriam à supremacia dos vencedores.
Hoje já não se fazem guerras para honrar o bom nome e os direitos de vassalagem de Nobres Senhores, que assumiam a protecção dos seus súbditos.
Hoje a guerra já nada tem de romântico ou nobre. A guerra já não se trava em campos de batalha entre exércitos beligerantes que se defrontavam directamente, corpo a corpo, homem a homem.
Hoje a guerra trava-se rua a rua, casa a casa, nas próprias cidades. Hoje ninguém vai fazer guerra para campos desertos, longe das cidades e aglomerados urbanos.
Hoje as guerras não envolvem apenas militares, mas cada vez mais as populações civis se vêm alvo das maiores atrocidades.

E, maior ignomínia de todas, hoje as guerras são promovidas por senhores intocáveis, que nem se confundem com os governantes que às guerras dão rosto; senhores incógnitos apenas movidos pelo puro lucro dos seus grandes negócios através dos quais tudo manipulam. Senhores mais poderosos que os governantes das nações poderosas. Mas senhores dos quais nunca ninguém saberá os nomes, muito menos vislumbrará os seus rostos.

Se alguma vez, no glorioso passado da História Bélica da Humanidade, um grande General arrogasse o direito de ver alguma virtude na guerra, por certo vacilaria de opróbrio perante aquilo em que esta se tornou nestes dias tão virtuosos da proliferação das Democracias e da afirmação dos Direitos Humanos.

Na voracidade da ganância até a Guerra perdeu a Honra.

terça-feira, 22 de julho de 2008

URBANA DIVAGAÇÃO 3: GUELRAS 2

Nós, Humanos, não temos guelras.

Regressemos de novo à orla costeira.
Território situado entre dois mundos, apresenta por si a ideia aliciante da diversificação de recursos; os marítimos e os terrestres. E tem sido baseado nessas duas permissas que o litoral sempre foi um aliciante ponto de fixação para aqueles que ousavam sonhar mais longe e aspiravam conhecer mais que o seu rotineiro quotidiano.

E cada vez mais as populações em todo mundo vêm migrando das zonas rurais e interiores dos seus países, para as cidades na orla costeira, quando esses países têm costas marítimas. Nos outros casos optam pelos grandes centros urbanos mesmo no interior.
Mas agora, é nossa intenção aqui falar das cidades costeiras.

Já nos referimos à necessidade de as cidades serem projectadas para um determinado desígnio e manterem-se dentro dos limites desse projecto, ao invés do agigantamento urbanístico que se vem verificando cada vez mais por todo mundo. Esse crescimento descomunal é um erro imenso e completamente irracional.

Não é novidade para ninguém que o clima do planeta está sofrendo alterações acentuadas e aceleradas. Todos sabemos que os mares são um dos reguladores do clima a nível planetário e são também o reflexo dos comportamentos climáticos e das suas alterações.

Muito se pode especular a respeito da fiabilidade de alguns modelos mais pessimistas da evolução das condições climatéricas globais, mas não podemos deixar de comprovar a evidência de certos factores facilmente constactáveis, até pelos mais leigos em meteorologia. A temperatura geral do planeta está subindo e os grandes glaciares, por todo planeta, encontram-se em regressão.
Os próprios Inuites da Gronelândia já se queixam da ausência de gelo nos fiordes onde ainda à pouco tempo se erguiam majestosos glaciares e das temperaturas demasiado altas, como nunca antes haviam constactado.

Ora o degelo das grandes superfícies geladas do planeta irá provocar um aumento do nível das águas marítimas e um comportamento mais imprevisível do clima, provocado pelo desequilíbrio de salinidade e temperatura das águas dos oceanos. É de esperar que isso venha a ter graves repercursões nas cidades costeiras.
De certo todos têm bem presentes a tragédia que se abateu sobre Nova Orleães com o furacão Katrina.

Actualmente as grandes catástrofes climatéricas são monitorizáveis e previstas atempadamente o suficiente para que se possam tomar medidas preventivas. Mas em caso de evacuação geral é fácil imaginar o caos que inviabilizaria a evacuação imediata duma mega-metrópole. Diria até que tal seria impraticável.

As nossas cidades não podem crescer desmesuradamente. A ganância não se pode sobrepor à razão, nem pode manipular o descernimento dos governantes. Toda a sociedade tem de rever os seus propósitos e repensar o seu modo de viver nas cidades. Quantas mais pessoas se tiverem amontoado numa zona de desastre mais vítimas haverá. E mais difícil será a mobilização de meios para poder a todos acudir devidamente.

Já somos possuidores de conhecimento científico e de tecnologias suficientes para podermos projectar devidamente as nossas cidades, levando em conta todos os infortúnios do destino. Para fazermos jus ao saber acomulado em milénios de civilização, deveríamos começar a reordenar as cidades que sabemos estar em zonas de risco e investir na edificação de cidades projectadas para sempre apresentarem bons desempenhos em todas as situações.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

MUNDUS DEPRESSIVUS

A juventude é sinónimo de alegria, esperança e vitalidade. Ou, pelo menos, assim a idealizamos e acreditávamos que fosse. Mas cada vez mais me deparo, no meu quotidiano, com jovens deprimidos, desalentados e à toa, sem saber que rumo dar às suas vidas.

Durante milénios aprofundamos o saber, desenvolvemos a tecnologia, ultrapassámos os limites que anteriormente seriam impensáveis de ser batidos, inventámos morais, dogmas, códigos e tudo mais que entendemos necessário a uma melhor existência.
Mas porque somos cada vez mais infelizes?
Porque será que nesta nossa civilização, tão longamente elaborada e expandida, a felicidade está na razão inversa da abastança?
Porque seremos nós capazes de gastar milhões levando um homem até à Lua e trazendo-o de volta são e salvo e não somos capazes de gastar muito menos para livrarmos todos os humanos da fome?
E porque não conseguimos nós entender estas disparidades?

No passado o maior flagelo da Humanidade eram as suas inúmeras carências. Hoje o grande flagelo da Humanidade é a abastança. Só que toda essa abastança está retida nas mãos duma ínfima minoria. E a ganância alimenta-se da sua própria avidez. Assim quanto mais ricos mais ansiosos de maior riqueza.

Se apresarmos um rio com uma barragem, ele deixará de correr. A juzante dela, nos terrenos outrora irrigados e férteis, apenas aridez e deserto crescerão, tudo cobrindo com o manto da desolação. Entretanto a montante as águas aprisionadas aumentarão cada vez mais a sua pressão contra os muros do dique, esperando a oportunidade duma brecha para estoirarem com uma fúria devastadora.
Do mesmo modo uma pequena elite de senhores deste mundo joga com os destinos de toda a Humanidade. Mas se outrora o Poder estava nas mãos dos Monarcas e Governantes, agora não mais é assim. Os Governantes de hoje já não são os senhores do Poder. Quando o povo percebe que os seus Governantes já não governam mais, sendo apenas títeres de obscuras figuras dissimuladas num anonimato indecifrável e malévolo, o povo não pode mais ser feliz e passa a temer pelo seu destino.

Os jovens de hoje são o rosto do futuro. Olhando nos olhos dos nossos jovens podemos antever o amanhã. E o que vemos não é de modo nenhum animador. Alegria e confiança não são mais sentimentos que encontremos nos olhos dos nossos jovens. Medo, intranquilidade e raiva; muita raiva, uma raiva contida mas crescente, é o que observamos no olhar dos nossos jovens.

Mas eu não sou um arauto da desgraça. Não sou, nem serei!
Eu acredito que entre estes jovens desalentados e deprimidos, muitos carregam no fundo das suas almas a semente do mundo de amanhã. O mundo que será deles e que eles saberão construir a seu modo.
Um mundo bem diferente daquele que lhes deixamos de herança.

domingo, 13 de julho de 2008

O NOVO INDIVÍDUO, O NOVO MUNDO

Construimos um novo mundo, uma nova sociedade, um novo indivíduo. Porque hoje, cada vez mais, vivemos a individualidade. E isso é uma nova experiência para a espécie humana. Novos desafios são-nos lançados, ao nos encontrarmos confrontados com um mundo complexamente imenso e completamente entregues a nós próprios.

Estamos deixando de ser uma sociedade de grupos, de classes, para sermos uma sociedade de indivíduos. É essa a ideia subjacente à Declaração dos Direitos Humanos. E foi este o primeiro sinal evidente que um novo mundo se anunciava para a Humanidade.

Temos de reaprender tudo. Temos de aprender aquilo que os ancestrais costumes e modelos não nos podem ensinar, pois agora a História já não se faz de Passado, mas sim de Futuro. A actual História da Humanidade faz-se das espectativas em relação à própria continuidade da existência da espécie Humana. A História, a Arqueologia, a Antropologia, a Paleontologia, já testemunharam a extinção de inumeras espécies. Desta vez a História estuda a ameaça de extinção da nossa própria espécie.

Seremos assim tão sagazes que saberemos nos esquivar a essa ameaça cada vez mais declarada e evidente?

Indícios científicamente demonstrados testemunham já alguns pré-sinais do surgimento de uma nova espécie Humana; o sucessor do Homo Sapiens. E se reflectirmos desapaixonadamente poderemos até ter alguns vislumbres de como essa nova espécie poderá ser. Sabendo nós que os organismos vivos se adaptam e adequam ao meio ambiente e ao modo como vivem, fácil será anteciparmos alguns padrões base dessa nova espécie.

Tudo se desenvolve a partir do declínio dos arquétipos obsoletos dos modelos sociais e da inadequação metabólica dos corpos humanos a novos estilos de vida e interacção com o meio-ambiente.
Nós descendemos duma linhagem primitiva de caçadores-recolectores que se agrupavam em clãs tribais baseados em micro-células familiares. Essas foram as condicionantes nucleares para o desenvolvimento metabólico e social da nossa espécie. Esses pressupostos não se verificam mais e daí vemo-nos cada vez mais desajustados do mundo, que ao longo da história fomos criando para nós próprios.

Queixamo-nos da obesidade cada vez mais disseminada. Basta ver que o nosso metabolismo foi desenhado para uma espécie que tinha de perseguir caça e procurar arduamente por alimentos, além de ter de se prover de reservas de gordura que lhe possibilitassem a subsistência nos períodos de escassez de recursos. Hoje nada disso acontece, só temos de abrir a porta do frigorífico para encontrar tudo aquilo que necessitamos e muito mais, mas o metabolismo continua funcionando do mesmo modo para o qual foi primariamente moldado: acumular.
Deixamos de ter existências fisicamente mais dinâmicas para termos existências intelectualmente mais activas. Substituimos o nomadismo e a actividade física, pelo sedentarismo e a actividade mental. Já não temos de recorrer à actividade física para nos alimentarmos e cada vez menos recorremos a ela para assegurar a função de providenciar a obtenção do nosso sustento. Contudo o metabolismo dos nossos corpos continua acomulando reservas, tal como foi programado para o fazer quando as condições de sobrevivência humana eram mais precárias e difíceis.

A nível social criámos sentimentos fortemente gregários que nos instavam a nos congregarmos em grupos coesos, cujos membros se apoiavam e defendiam mutuamente, perante as muitas adversidades com que se deparavam no seu mundo. Esses grupos tinham de estabelecer códigos e regras de interacção, que possibilitassem a sua própria manutenção, como organismo social. Daí se criaram as bases das hierarquias e da Lei. Mas num mundo em que o indivíduo isolado não tinha condição para sobreviver a um mundo hostil, o peso da coesão grupal sobrepunha-se ao direito à individualidade. Então não desenvolvemos as bases dum verdadeiro auto-reconhecimento individual apartado do grupo.
A nossa experiência actual indica-nos que cada vez mais a nossa postura social está orientada na procura do eu-individual em detrimento do eu-grupal.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

TEMPO DE CONSTRUIR

Mudou um século. Mudou um milénio. O Futuro é hoje!

Mas estaremos nós preparados para viver o futuro? Saberemos nós estar à altura das expectativas do Mundo Novo que todos sonhamos construir?

Tanto o avanço científico como o tecnológico, possibilitam a alteração por completo do nosso modo de viver. Mas seremos já capazes de integrar esse novo modo de estar e viver?

Muito se fala em avanços tecnológicos e na sua introdução no nosso quotidiano, para nossa comudidade e conforto. Mas não escuto o mesmo entusiasmo em falar da necessidade de criar novos modelos filosóficos que nos ajudem a entender e assimilar as mudanças que se geram no nosso mundo.

Toda uma avalanche de novas tecnologias alteram continuamente os nossos hábitos e quotidianos. A percepção que cada um tem da vida está em mutação contínua. O que era válido ontem, poderá já não ter o mesmo sentido amanhã. Muitos (os mais velhos) queixam-se da perda de valores. Mas será que essa perda está sendo substituida por novos valores? Ou apenas está deixando um grande vazio por preencher?

A sociedade insiste em se reger por padrões obsoletos e desenquadrados das realidades com que nos deparamos nos dias de hoje. Os modelos de tradição e moral de outrora já não enquadram as realidades de hoje.

Como podemos ainda estar ponderando novos padrões de comportamento tomando como referência modelos ditados quando a humanidade ainda desconhecia a forma da Terra? Quando tampouco sabia que a Terra girava em torno do Sol e que era esse movimento que estava na origem da sequência dos dias e das noites. Quando o modo de locomoção mais rápido era viajar no dorso dum cavalo a galope.

À dois mil anos atrás, Cristo afirmou: «Eu sou a nova Lei!» confirmando assim a necessidade de ruptura com os modelos de pensamento e de juizo obsolectos para a altura e que se mostravam ultrapassados e inválidos para um mundo novo, que ele antevia para a época. Está na altura de afirmarmos o mesmo: «Que venha a nova Lei!». Que nos contemporizemos com os novos conhecimentos e conceitos que fomos acumulando ao longo de séculos, de milénios.

Num mundo que se renova dia-a-dia já não há lugar para tradições rígidas e cristalizadas num passado conservador. O Presente faz-se de permanente mudança e exige contínua adaptação.

Os modelos tradicionais de outrora, baseados no núcleo familiar convencional, não têm mais cabimento num mundo onde já nem há necessidade duma cópula genital para se gerar uma nova vida, uma nova criança. Os padrões sociais estão em mutação e isso é um facto imparável.

Já nada justifica a manutenção duma clivagem entre ricos e pobres, quando temos consciência que há no planeta o suficiente para todos vivermos com dignidade e a capacidade física para tornar isso possível.

Lutar contra a mudança é criar atrito e provocar confronto.

É tempo de refazer os modelos sociais e encarar novas filosofias.

É tempo de convidar os Pensadores e os Filósofos a avançarem para a praça pública e debaterem perante todos as referências e os modelos que deverão direccionar o nosso entendimento comum, com os Políticos e Governantes escutando-os e inspirando-se nas suas avaliações.

É tempo de todos começarmos a Pensar! Cada um com a sua cabeça!

É tempo de perceber que a Humanidade está deixando de ser um aglomerado de grupos sociais, para passar a ser uma sociedade de indivíduos com identidades próprias e objectivos pessoais.

É tempo de começar a construir o Futuro!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

URBANA DIVAGAÇÃO 2: GUELRAS 1

Nós, Humanos, não temos guelras.

Dedicado tanto empenho ao estudo profundo de toda a realidade que nos rodeia, ainda nos deixamos reger pela lei do arbítrio, sem o mínimo de inteligência governativa. Investimos no desenvolvimento da Ciência, para com o conhecimento adquirido tornar a existência humana mais fácil, contudo continua a imperar a lei do lucro, fácil e imediato, nem que para tal tenhamos de nos expôr todos a evidentes riscos, tanto de integridade física como moral.

Nem mesmo séculos de propaganda religiosa e moralista conseguiram erradicar a infame ganância extrema. E isso tem limitado a nossa evolução como espécie bem sucedida na sua adaptação ao mundo aritificial por nós mesmos concebido.

Todos procuram a grande oportunidade de sucesso fácil e lucrativo e tal ambição significa que o alvo são as grandes metrópoles, onde acreditam residir a solução dos seus sonhos. E tais movimentos migratórios provocam um sobrepovoamento de cidades, que não foram planificadas de raiz e muito menos têm condições para proporcionar bem-estar aos milhares que continuamente nelas se instalam.

Uma cidade deveria ser pensada e definida em todas as suas valências de objectivos económicos, de sustentabilidade da sua população, de enquadramento paisagistico, de adequação geológica e de enquadramento nos bio-sistemas da região. Outros parâmetros poderiam e deveriam ser ainda apreciados, mas nomeio apenas estes a título de exemplo. Ora nada disto verificamos, pois herdamos burgos históricos que cresceram com os fluxos e refluxos dos seus diferentes períodos de melhor ou pior crescimento económico e humano.

Actualmente vemos um enorme êxodo das populações das zonas tipicamente rurais e rústicas para os grandes centros urbanos, contribuindo assim para o agigantamento dessas cidades. Muitas delas crescendo em torno de obsolectos centros históricos, incapazes de servir toda a sofreguidão da existência quotidiana da nossa civilização actual.

Essa expansão populacional das grandes cidades leva a uma elevada concentração demográfica num mesmo espaço geográfico, que tem como consequência um agravamento das assimetrias sociais, criando enormes bolhas de pobreza junto a pequenos focos de despudorada abastança. Socialmente isso é a origem de graves instabilidades nos relacionamentos inter-grupos que acabam por aumentos preocupantes de marginalidade e violência.
Mas cada vez mais assistimos à expansão das grandes urbes, sem que os governantes, das regiões e países onde tais fenómenos ocorrem, tomem verdadeiras medidas de resolução dos problemas causados por práticas políticas de permissividade.

Fala-se muito em mega-cidades. E até como sendo esse o modelo de aglomeramento urbano do futuro. As mega-cidades são uma insanidade urbana, maior ainda quando elas se situam na linha de costa marítima. É demais sabido que a presença e actividade humanas provocam repercussões nefastas no meio-natural e que a longo prazo acabam por ter um reflexo igualmente negativo em nós próprios.

O clima da Terra está se alterando. São contínuas as publicações de relatórios não só alertando para a eventualidade da ocorrência de graves transtornos climáticos, como até testemunhando já a ocorrência dos mesmos. E essas ocorrências são cada vez mais frequentes e com cada vez maior gravidade e impacto. Em face a tais perspectivas do agravamento da ocorrência de catastrofes naturais, deveria ser feita uma profunda reflexão sobre como gerir o urbanismo perante a eventualidade, já demais provada, dum agravamento das condições climatéricas globais. Medidas profundas devem ser tomadas a menos que queiramos continuar a assistir a calamidades como as de Nova Orleães, aquando do furacão Catrina.

As cidades não podem continuar a agigantar-se, pois isso inviabiliza uma pronta e eficiente intervenção em casos de emergência generalizada. Já para não falar no fortíssimo e devastador impacto negativo em todos os bio-sistemas naturais das áreas circundantes.

Basta pensar numa simples situação de evacuação de emergência duma mega-cidade. Está alguma das grandes urbes do nosso planeta preparada para realizar eficientemente um tão básico método de salvaguarda de vidas humanas?

Quando se fala em direitos humanos e se os invoca a pretexto de tudo, seria bom que os governantes começassem a mostrar a coragem política de tomar medidas verdadeiramente científicas na definição dos modos de vivência padrão apropriadamente convenientes para todos nós.

sábado, 5 de julho de 2008

WC GRAFFITIS

Os sanitários públicos masculinos são uma área exclusivamente destinada aos homens.
Esses espaços são reservados às práticas intimas das necessidades fisiológicas exclusivas aos membros masculinos da espécie humana: os homens. Como tal é um espaço que deve estar sujeito a uma morfologia própria e com um código próprio de utilização; código esse que tem que ver com os perfis padrão do que se entende como sendo o comportamento tradicional masculino.

Uma das coisas que mais me diverte e informa sobre o entendimento do comportamento do meio-social em que me insiro, é a observação e leitura dos graffitis expostos no interior das cabinas individuais das retretes masculinas.
Mais ou menos obscenos, mais ou menos insultuosos, mais ou menos racistas, mais ou menos escatológicos, são verdadeiras obras primas de arte espontânea e o modo mais primário e imediato, de exorcizar os fantasmas que habitam o interior das almas dos seus autores. São um retrato autêntico e actualizado das forças telúricas que modelam as nuances da interacção dos diferentes grupos sociais que compõem uma comunidade.

Pode ler-se de tudo: a glorificação de clubes de futebol pelos seus adeptos e a subsequente troca de insultos entre adeptos de clubes rivais, o mesmo acontecendo em relação a diferentes partidos políticos; desabafos e imprecações contra as políticas dos governos; a troca de insultos e acusações de cariz xenófobo e racista; a procura de parceiros sexuais com a descrição dos actos pretendidos, uns apresentando contacto telefónico e outros marcando encontros com hora e local especificado; os mais patéticos rosários das infelicidades pessoais, revelando uma imensa frustração (Sartre chamaria de náusea existencial) pela sua própria condição de vida; etc.

Esse tipo de manifestação e intervenção social deveria ser respeitado e preservado, enquanto testemunho museológico vivo do mundo em que decorre o quotidiano de nós homens.
Sinto-me afrontado cada vez que verifico que tais testemunhos foram eliminados por clínicas camadas de tinta branca, num púdico e prepotente atentado à liberdade de expressão e afirmação.

Os sanitários masculinos são reservados a homens e estes têm uma expressão tipificada. Pode ser alarve, rude, boçal e obscenamente decadente, mas é uma forma de expressão própria e que condicionada a um espaço de acesso restrito e selectivo, não pode ser apreciada como se a mesma se verificasse em locais de acesso livre e geral. Por isso acho atentatória da liberdade de expressão a eliminação desses testemunhos em tais locais.

Abaixo o pudor moralista!!!