sexta-feira, 22 de agosto de 2008

FUNDOS PRETOS

Porque uso fundos pretos nos meus blogues?

Talvez alguns de vós já tenham reparado que os meus blogs têm todos um formato idêntico, de fundo preto.
Alguns poderão pensar que tal se possa dever a alguma tendência de estética gótica, ou por alguma preferência de cor. Embora eu seja um esteta, contudo não dandy, a opção pelo preto deveu-se a duas razões prioritárias, que achei relevantes na hora de definir os objectivos dos meus blogs.
Prendem-se essas razões com questões de bem-estar. Tanto de bem-estar individual, como universal.

Começando pelo bem-estar universal.
O preto como fundo no painel de trabalho do computador é a cor que menos energia consome. Sendo assim, ao optarmos pelo uso do preto como fundo de trabalho nos nossos computadores estamos consumindo menos energia. E grão a grão...
Se todos optassemos pelo uso dos fundos pretos creio que isso iria reflectir alguma melhoria na gestão de consumos energéticos. E quantos mais fossemos a optar pelo fundo preto maior seria o benefício.

Num plano individual, a minha opção pelo preto é apenas porque ele emite muito menos radiações que os fundos claros (daí o menor consumo de energias). Isso traz melhorias na preservação da visão, por expor menos os olhos a uma dose excessiva de radiações.
Todos sabemos que longas horas frente a um monitor cansa a vista, com graves consequências a longo prazo. Esse esforço exigido da visão é minimizado com a utilização de fundos negros, senão mesmo pretos.
O uso do fundo branco nos computadores é apenas uma tentativa de conservar um hábito ganho de séculos do uso do papel branco. Ora o mundo virtual não necessita de papel, logo deveria haver uma ousadia maior na implementação de novos hábitos, mais benéficos.
As próprias empresas de produção de aplicativos informáticos deveriam ser instruidas e incentivadas a promoverem essas mudanças.


Preconceitos àparte a opção pelo preto, como fundo de trabalho na informática, é uma medida saudável e ecológica.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

BARRAS E CORRENTES

«Se não têm pão que comam brioche!»

Aqui sentados, no conforto tranquilo dos nossos lares, é fácil nos esquecermos que há outros mundos. Mundos muito menos tranquilos que o nosso. Mundos para onde atiramos aqueles que não queremos entre nós, porque eles não aprenderam, ou não quiseram cumprir as regras do nosso mundo.
E o nosso é um mundo regrado e inflexível, tal como o mundo que esses indesejados criam nesses covis para onde os despejamos.

Os que não cumprem as regras da sociedade são julgados e punidos, em conformidade com a gravidade da transgressão. E a punição é o encarceramento.
Para isso criámos prisões onde enjaulamos essas feras indomadas, que perturbam a tranquilidade social.

Se apenas os deixarmos lá, cumprindo o tempo de pena que lhes foi estipulado, eles continuarão feras indomadas. Alguns até aprenderão, através do convívio inter-pares, a agravar a sua tendência à indomabilidade, saindo mais perigosos do que entraram.
Dentro das cadeias formam-se pequenos mundos organizados de criminologia cumplicitária que depois é transposto para o exterior no fim do cumprimento das penas.

Nos tempos de crise social e económica que atravessamos, o aumento da delinquência e criminalidade é inevitável. As prisões vão ficando cada vez mais lotadas e o mau acondicionamento dos detidos apenas irá ampliar a sua revolta e tendências predatórias. Isso agrava o risco para aqueles, que cá fora, pensam estar a salvo dos criminosos.

Um criminoso é um ser humano, por mais hediondo que tenha sido o seu crime. Isto é um facto! Pode ser difícil de aceitar, mas é um facto. E tal como qualquer outro ser humano, ao criminoso também assistem direitos; os mesmos Direitos Universais do Ser Humano.

Como sociedade civilizada e evoluída (seja lá o que isso for) devemos dar uma atenção particular aos criminosos. Alguns casos serão patológicos e irremediáveis, mas outros são apenas fruto da ocasião («a ocasião faz o ladrão», diz o provérbio) e da falta de preparação moral e educacional do delinquente. Lançar todos para a mesma jaula é estimular a propagação de maus modelos comportamentais.

Todos os anos se formam pedagogos e psicólogos nas nossas faculdades. Porque não preparar esses técnicos para os direccionar a um trabalho regenerativo de comportamentos socias junto das populações de encarcerados?
É mais que tempo de ser reconhecido à Psicologia o estatuto de ciência de utilidade pública, que lhe é devido, por cada vez mais necessária se estar tornando neste mundo paranóico.

«Longe do olhar, longe das preocupações». Não basta! Já deveriamos estar eticamente muito além disso. É tempo de se rever todo o sistema jurídico e penal das nossas sociedades cultas e cientificamente avançadas. Não podemos continuar enjaulando pessoas como o faziam no passado as sociedades menos evoluídas.
Mais ainda quando se verifica que as prisões funcionam como centros de propagação de mais violência e tendencialmente mais agravada.

A caldeação no mesmo espaço dos mais variados tipos de delinquentes leva à propagação de mais violência.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

URBANA DIVAGAÇÃO 4: SÉNIORES E INFANTIS

A nossa maravilhosa civilização, repleta de prodígios tecnológicos e científicos, tem criado as condições propícias para uma maior esperança de vida das populações. Vivemos mais tempo, pois temos melhores condições de vida e melhores cuidados sanitários. Isso é excelente!

Esta é também, cada vez mais, uma civilização urbana. A maioria da população mundial aglomera-se em cidades que crescem desmesuradamente. Expandindo-se muito para além do racional e urbanamente aconselhável, indo muito além do humanamente suportável. Isso é pernicioso!

Os ritmos e padrões de vida urbanos são muito dificilmente ajustáveis aos tradicionais modelos familiares de existência. Contrariamente ao modelo anterior de sociedade baseada no modelo de núcleo familiar (modelo esse desenvolvido numa sociedade rural em extinção), agora construimos uma sociedade de indivíduos.

O que se constacta é que os perfis de autonomia desses indivíduos conflituam com as interdependências próprias duma vivência nuclear de família. Isso leva a brechas no tecido social, que se fragmenta ainda numa fase de transformação, ainda sem modelos definidos.

As famílias são mais pequenas e muitas vezes fragmentadas pelo número crescente de divórcios. Já não se encontram grupos familiares em que coabitem três gerações (avós, pais e netos). Muitas crianças nem chegam a conviver com os avós, que para elas são uns velhinhos instalados em instituições com nomes como «lar de idosos» ou «casas de repouso» (mas que se parecem mais com hospícios de lenta degradação humana).

Se antes os indivíduos séniores eram uma presença respeitada e valorizada na família, agora são tidos como empecilhos dos quais nos queremos desenvencilhar o mais rapidamente possível. O sénior tornou-se um apêndice a amputar da sociedade.
A imagem do idoso é um estigma que assusta uma sociedade em que a juventude é idolatrada como a fonte de beleza e longevidade; uma perfição vazia de conteúdo.

É necessário, para a sanidade do organismo social das nossas cidades, refazer o elo entre os séniores e os infantis. É essencial dar às crianças a oportunidade de recolherem directamente da fonte, o conhecimento e experiência de anos de vida dos nossos anciões. As instituições sociais encarregues da ocupação diária de idosos e crianças, não deveriam ser orgãos estanques, muito menos entre si. Deveriam ser pensados modos de interacção dos idosos com os mais pequeninos, duma maneira que fosse salutar e profícua para ambos.
Não sou especialista em nenhuma das áreas pelo que não vou avançar propostas não amadurecidas, mas desafio alguns de vós a fazê-lo.

Se nos estamos a tornar numa sociedade urbana, então as cidades deverão ser repensadas na sua planificação e reformuladas as já constituidas. E sendo a esperança de vida cada vez maior, então deveremos repensar o papel dos séniores na nova sociedade.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

TEMPO

O Tempo é uma medida humana variável. E é em si um paradoxo.

Todos nós possuímos no cérebro um orgão que nos dá a percepção do tempo e regula os nossos ritmos. Podemos prescindir do relógio de pulso que o nosso organismo manterá o ritmo e sequência das suas funções. Mas embora a medição do tempo seja uma função orgânica, ela também é psicologicamente alterável, fazendo com que o tempo se expanda ou contráia. O ambiente é um dos factores que pode induzir essas alterações.

Na nossa sociedade tecnologicamente capaz de criar as condições que nos possibilitem uma mais longa esperança de vida, também tem em si os mecanismos que nos levam a acelerar o percurso dessa mais lata vivência. Acabando assim por encurtar aquilo que alonga. Eu explico.

Como já disse, hoje temos uma esperança de vida mais longa, nos países e sociedades tecnologicamente mais avançados. Contudo nessas sociedades impômo-nos ritmos de vida mais acelerados, pela ânsia da competitividade e pelo desejo de tudo querer alcançar. Tal, na crença de que no acumular de vivências reside a plena felicidade.
Perdeu-se o prazer do puro usufruto do momento de estar vivo. Apenas vivo. Tal carência altera a percepção do tempo, pelo que este parece nos fugir como água escorrendo entre os dedos.

Aí reside o paradoxo; ao alongarmos o tempo cronológico de vida, encurtamos o tempo psicológico de vivência. Isso porque nos sobrecarregamos de ansiedade. Queremos tudo; agora e já! E para o conseguirmos sujeitamo-nos a um correr atrás de ilusões, preenchendo todos os momentos de actividades que, maior parte das vezes, nos desagradam e enfastiam.
Faltou-nos a inteligência de perceber que com a expansão do tempo de vida poderiamos usufruir mais desta.

Aprendemos e habituamo-nos a sobre-estimular os sentidos, passando para níveis mais frenéticos de existência e acabamos por forçar todo o organismo a se regular por esses ritmos elevados. Trocámos a paz espiritual do desapego pela ânsia da posse material.
Tal não parece nada saudável, pois não?

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

MALEFÍCIOS SOCIAIS DO CAFÉ

Inofensivo. Inofensivo?!

Nada inofensivo o gesto despreocupado que rotineiramente milhões de pessoas repetem nas grandes e superpovoadas urbes modernas, onde o sistema competitivo dum capitalismo desumanizado impele as nossas vidas. Gigantesco motor invisível e ininterrupto que controla as nossas existências indiferente às mais dignas necessidades da condição humana. Falo do cafézinho de que tantos milhares dependem, para suportar o seu dia-a-dia.

Pela manhã é um cafézinho para ajudar a despertar. A meio da manhã outro cafézinho como desculpa para um intervalo no trabalho rotineiro. Depois do almoço mais um cafézinho para ajudar a digestão. A meio da tarde ainda outro cafézinho para revitalizar e ajudar a cumprir o resto dum já longo e enfadonho dia do mesmo trabalho inglório. À saída do trabalho mais um cafézinho para ajudar com algumas energias extras o regresso a casa. Depois de jantar mais um cafézinho para de novo ajudar a digestão e ter um pretexto para sair um pouco e confraternizar com os amigos.
Não os vou contar, tão pouco porque muitos há que bebem mais, que esses cafés que referi, ao longo do dia.

Muitos há que substituem a primeira refeição do dia apenas por uma pequena xícara de café expresso. Ora como estimulante, o café tomado logo pela manhã, deixa a pessoa mais excitada e susceptível.
Na correria matinal de transportes, públicos ou particulares, o mau humor depressa se instala, divedo ao nervosismo de querer chegar a tempo, receando as represálias da entidade patronal por qualquer atraso. Qualquer contratempo assume proporções de infame boicote sabotador das nossas prioridades.
Mau humor esse que se prolonga pelo dia, porque o trabalho é enfadonho e só nos sujeitamos a ele por necessidade dum salário, não encontrando nele nehuma satisfação pessoal de afirmação.

O mundo pesa-nos sobre os ombros. Sentimo-nos derrotados, frustrados com as vidas monótonas e inglórias que somos forçados a aceitar, se queremos manter um perfil social considerado comum e ideal, mas que muitas vezes não é bem aquilo que no fundo mais gostariamos para nós. E para fugirmos a esse estado pré-depressivo recorremos ao café como estimulante para nos dar a falsa sensação de que até somos capazes de suportar a ignomínia de não sermos senhores de nós próprios, nem da nossa vontade. Depois refilamos, praguejamos, importunamos e confrontamo-nos com quem se cruze, nem que seja inadvertidamente, no nosso caminho.

Desde o primeiro cafézinho da manhã ficamos possuídos duma obsessão de alcançar...
Nunca o saberemos! Por certo o que quisermos alcançar, não será algo que tenha a ver com a tranquilidade em que gostariamos de poder desfrutar do prazer de estar vivo.
Esse cafézinho inofensivo excita-nos, põe-nos susceptíveis, vulneráveis, irritáveis, numa dissimulada agonia que se reflecte num comportamento pouco sociável, num meio urbano onde cada centímetro quadrado do nosso espaço é continuamente invadido por centenas de outros em igual estado de neurótica exaltação.

A acessibilidade generalizada a tudo, proporcionada por este nosso modelo social, permite o acesso a substâncias que outrora tinham a sua função ritualizada e circunscrita, por serem alteradoras dos estados de alma.
O café é o combustível que alimenta este estado demente em que vivemos o nosso quotidiano, ao proporcionar-nos o estado de estimulação que interessa aos empregadores para conseguir mais rendimento dos seus funcionários. As maquininhas de café que tão gentilmente as empresas e patrões, colocam estrategicamente nos locais de trabalho, não são um brinde assim tão benemérito.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

OS UNS E OS OUTROS

A toxicodependência é uma doença, tal como a depressão.

As perturbações fisiológicas que induzem à toxicodependência são de padrões semelhantes às que induzem à depressão. Não estou dizendo que uma e outra são a mesma coisa, mas sim que tanto uma como outra são patologias devidas a deficiente funcionamento de áreas específicas do cérebro. Tudo passa pelo funcionamento electro-físico-químico em que se baseia toda a actividade cerebral.

Estou descriminalizando os toxicodependentes? Sim, estou!
Estou descriminalizando os comportamentos criminosos a que podem chegar os toxicodependentes? Não! De modo nenhum! Todo o ser Humano é responsável pelos seus actos. A toxicodependência pode ser uma doença, mas os toxicodependentes não são dementes inimputáveis.

Ainda seguindo o paralelismo com a depressão (penso nas duas como doenças irmãs), tal como o indivíduo propenso à depressão procura ajuda clínica para se recuperar e tentar manter uma vida normal, também o toxicómano pode e deve fazê-lo. Embora essas disfunções sejam congénitas e, até onde a ciência humana sabe, irreversíveis, os seus efeitos podem ser atenuados e controlados.

Mas o universo da toxicodependência é um imenso antro de parasitas sem escrúpulos. E, esses sim, são criminosos completamente imputáveis e sem direito a apelo. Esses parasitas sociais são duplamente condenáveis. Eles se aproveitam duma deficiência alheia para satisfação da sua imensa ganância. E induzem todo o tipo de recursos criminosos para satisfação dos seus intentos, com todo o impacto negativo dos comportamentos anti-sociais, que estimulam para a concretização dos seus mercados.
Os mercados de droga são os mais disseminados pelo planeta e sustentáculo de imensas fortunas dissimuladas e ilegais. E como se isso não bastasse, para condenar as suas actividades, ainda contribuem grandemente para o financiamento e promoção dessa ignóbil e desprezível nova forma de guerra que é o terrorismo.

06 DE AGOSTO, HIROXIMA

Seis de Agosto, eternamente! O Dia de infame memória para toda a Humanidade!

Fomos todos nós que voámos no bojo do Enola Gay.
Fomos todos que largámos a Little Boy.

As mãos de toda a Humanidade estão sujas do sangue daqueles que pereceram nesse dia, assim como daqueles que ainda perecem e perecerão das consequências de tão hediondo acto.
Hiroxima perdurará como a memória da insanidade a que a racionalidade nos pode levar.

As nossas Orações estão com aqueles irmãos imolados no Altar da Estupidez!