«Se não têm pão que comam brioche!»
Aqui sentados, no conforto tranquilo dos nossos lares, é fácil nos esquecermos que há outros mundos. Mundos muito menos tranquilos que o nosso. Mundos para onde atiramos aqueles que não queremos entre nós, porque eles não aprenderam, ou não quiseram cumprir as regras do nosso mundo.
E o nosso é um mundo regrado e inflexível, tal como o mundo que esses indesejados criam nesses covis para onde os despejamos.
Os que não cumprem as regras da sociedade são julgados e punidos, em conformidade com a gravidade da transgressão. E a punição é o encarceramento.
Para isso criámos prisões onde enjaulamos essas feras indomadas, que perturbam a tranquilidade social.
Se apenas os deixarmos lá, cumprindo o tempo de pena que lhes foi estipulado, eles continuarão feras indomadas. Alguns até aprenderão, através do convívio inter-pares, a agravar a sua tendência à indomabilidade, saindo mais perigosos do que entraram.
Dentro das cadeias formam-se pequenos mundos organizados de criminologia cumplicitária que depois é transposto para o exterior no fim do cumprimento das penas.
Nos tempos de crise social e económica que atravessamos, o aumento da delinquência e criminalidade é inevitável. As prisões vão ficando cada vez mais lotadas e o mau acondicionamento dos detidos apenas irá ampliar a sua revolta e tendências predatórias. Isso agrava o risco para aqueles, que cá fora, pensam estar a salvo dos criminosos.
Um criminoso é um ser humano, por mais hediondo que tenha sido o seu crime. Isto é um facto! Pode ser difícil de aceitar, mas é um facto. E tal como qualquer outro ser humano, ao criminoso também assistem direitos; os mesmos Direitos Universais do Ser Humano.
Como sociedade civilizada e evoluída (seja lá o que isso for) devemos dar uma atenção particular aos criminosos. Alguns casos serão patológicos e irremediáveis, mas outros são apenas fruto da ocasião («a ocasião faz o ladrão», diz o provérbio) e da falta de preparação moral e educacional do delinquente. Lançar todos para a mesma jaula é estimular a propagação de maus modelos comportamentais.
Todos os anos se formam pedagogos e psicólogos nas nossas faculdades. Porque não preparar esses técnicos para os direccionar a um trabalho regenerativo de comportamentos socias junto das populações de encarcerados?
É mais que tempo de ser reconhecido à Psicologia o estatuto de ciência de utilidade pública, que lhe é devido, por cada vez mais necessária se estar tornando neste mundo paranóico.
«Longe do olhar, longe das preocupações». Não basta! Já deveriamos estar eticamente muito além disso. É tempo de se rever todo o sistema jurídico e penal das nossas sociedades cultas e cientificamente avançadas. Não podemos continuar enjaulando pessoas como o faziam no passado as sociedades menos evoluídas.
Mais ainda quando se verifica que as prisões funcionam como centros de propagação de mais violência e tendencialmente mais agravada.
A caldeação no mesmo espaço dos mais variados tipos de delinquentes leva à propagação de mais violência.
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5 comentários:
Tens razão, sem dúvida!
No entanto, os comportamentos que prejuducam o Outro têm que ser sancionados e não desculpabilizados.
Se não se tratarem de psicopatas , os indivuduos que enfiam uma pistola pela boca da funcionária de uma gasolineira - como ontem fizeram dois brasileiros - têm consciência perfeita do mal que estão praticando!!
E, neste caso de estrangeiros, deveriam ser expulsos para o país de origem, simplesmente!
E não me venham acusar de xenofobia, racismo e disparates do tipo!!
Bom domingo.
Salve! São
Não me parece que «a mão pesada da justiça» resolva algum problema de criminalidade. Punição não é reeducação, nem reintegração.
O nosso estatuto de criaturas civilizadas exige-nos mais do que retaliação.
Além disso num mundo tendencialmente globalizante, o termo «estrangeiro» vai deixando de ter sentido.
Saibamos amar e perdoar, para poder educar. Pois o grande mal da nossa sociedade (a portuguesa em grande evidência) é a ausência duma verdadeira Educação.
Um Abraço amigo.
Salutas!
ManDrag
O primeiro passo para a educação consiste em despertar a vontade de aprender.
Em cada palavra tua, em cada significado que transmites na tua mensagem, aprendo desmesuradamente.
No que te é inato, revejo-me alegre e confortavelmente. :)
Amigo, o abraço que te deixo, sempre para ti, sem segredos.
Salve! Paulo
Obrigado pela visita, amigo.
Pois, tens razão no que dizes, o primeiro passo é mesmo aprender a ter prazer em aprender. Aprender que o conhecimento é uma fonte de prazer.
E já é mais que tempo de aprendermos a ser melhores.
O meu abraço para ti, irmão na descoberta de nós próprios.
Salutas!
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