Nós, Humanos, não temos guelras.
Dedicado tanto empenho ao estudo profundo de toda a realidade que nos rodeia, ainda nos deixamos reger pela lei do arbítrio, sem o mínimo de inteligência governativa. Investimos no desenvolvimento da Ciência, para com o conhecimento adquirido tornar a existência humana mais fácil, contudo continua a imperar a lei do lucro, fácil e imediato, nem que para tal tenhamos de nos expôr todos a evidentes riscos, tanto de integridade física como moral.
Nem mesmo séculos de propaganda religiosa e moralista conseguiram erradicar a infame ganância extrema. E isso tem limitado a nossa evolução como espécie bem sucedida na sua adaptação ao mundo aritificial por nós mesmos concebido.
Todos procuram a grande oportunidade de sucesso fácil e lucrativo e tal ambição significa que o alvo são as grandes metrópoles, onde acreditam residir a solução dos seus sonhos. E tais movimentos migratórios provocam um sobrepovoamento de cidades, que não foram planificadas de raiz e muito menos têm condições para proporcionar bem-estar aos milhares que continuamente nelas se instalam.
Uma cidade deveria ser pensada e definida em todas as suas valências de objectivos económicos, de sustentabilidade da sua população, de enquadramento paisagistico, de adequação geológica e de enquadramento nos bio-sistemas da região. Outros parâmetros poderiam e deveriam ser ainda apreciados, mas nomeio apenas estes a título de exemplo. Ora nada disto verificamos, pois herdamos burgos históricos que cresceram com os fluxos e refluxos dos seus diferentes períodos de melhor ou pior crescimento económico e humano.
Actualmente vemos um enorme êxodo das populações das zonas tipicamente rurais e rústicas para os grandes centros urbanos, contribuindo assim para o agigantamento dessas cidades. Muitas delas crescendo em torno de obsolectos centros históricos, incapazes de servir toda a sofreguidão da existência quotidiana da nossa civilização actual.
Essa expansão populacional das grandes cidades leva a uma elevada concentração demográfica num mesmo espaço geográfico, que tem como consequência um agravamento das assimetrias sociais, criando enormes bolhas de pobreza junto a pequenos focos de despudorada abastança. Socialmente isso é a origem de graves instabilidades nos relacionamentos inter-grupos que acabam por aumentos preocupantes de marginalidade e violência.
Mas cada vez mais assistimos à expansão das grandes urbes, sem que os governantes, das regiões e países onde tais fenómenos ocorrem, tomem verdadeiras medidas de resolução dos problemas causados por práticas políticas de permissividade.
Fala-se muito em mega-cidades. E até como sendo esse o modelo de aglomeramento urbano do futuro. As mega-cidades são uma insanidade urbana, maior ainda quando elas se situam na linha de costa marítima. É demais sabido que a presença e actividade humanas provocam repercussões nefastas no meio-natural e que a longo prazo acabam por ter um reflexo igualmente negativo em nós próprios.
O clima da Terra está se alterando. São contínuas as publicações de relatórios não só alertando para a eventualidade da ocorrência de graves transtornos climáticos, como até testemunhando já a ocorrência dos mesmos. E essas ocorrências são cada vez mais frequentes e com cada vez maior gravidade e impacto. Em face a tais perspectivas do agravamento da ocorrência de catastrofes naturais, deveria ser feita uma profunda reflexão sobre como gerir o urbanismo perante a eventualidade, já demais provada, dum agravamento das condições climatéricas globais. Medidas profundas devem ser tomadas a menos que queiramos continuar a assistir a calamidades como as de Nova Orleães, aquando do furacão Catrina.
As cidades não podem continuar a agigantar-se, pois isso inviabiliza uma pronta e eficiente intervenção em casos de emergência generalizada. Já para não falar no fortíssimo e devastador impacto negativo em todos os bio-sistemas naturais das áreas circundantes.
Basta pensar numa simples situação de evacuação de emergência duma mega-cidade. Está alguma das grandes urbes do nosso planeta preparada para realizar eficientemente um tão básico método de salvaguarda de vidas humanas?
Quando se fala em direitos humanos e se os invoca a pretexto de tudo, seria bom que os governantes começassem a mostrar a coragem política de tomar medidas verdadeiramente científicas na definição dos modos de vivência padrão apropriadamente convenientes para todos nós.
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