terça-feira, 22 de julho de 2008

URBANA DIVAGAÇÃO 3: GUELRAS 2

Nós, Humanos, não temos guelras.

Regressemos de novo à orla costeira.
Território situado entre dois mundos, apresenta por si a ideia aliciante da diversificação de recursos; os marítimos e os terrestres. E tem sido baseado nessas duas permissas que o litoral sempre foi um aliciante ponto de fixação para aqueles que ousavam sonhar mais longe e aspiravam conhecer mais que o seu rotineiro quotidiano.

E cada vez mais as populações em todo mundo vêm migrando das zonas rurais e interiores dos seus países, para as cidades na orla costeira, quando esses países têm costas marítimas. Nos outros casos optam pelos grandes centros urbanos mesmo no interior.
Mas agora, é nossa intenção aqui falar das cidades costeiras.

Já nos referimos à necessidade de as cidades serem projectadas para um determinado desígnio e manterem-se dentro dos limites desse projecto, ao invés do agigantamento urbanístico que se vem verificando cada vez mais por todo mundo. Esse crescimento descomunal é um erro imenso e completamente irracional.

Não é novidade para ninguém que o clima do planeta está sofrendo alterações acentuadas e aceleradas. Todos sabemos que os mares são um dos reguladores do clima a nível planetário e são também o reflexo dos comportamentos climáticos e das suas alterações.

Muito se pode especular a respeito da fiabilidade de alguns modelos mais pessimistas da evolução das condições climatéricas globais, mas não podemos deixar de comprovar a evidência de certos factores facilmente constactáveis, até pelos mais leigos em meteorologia. A temperatura geral do planeta está subindo e os grandes glaciares, por todo planeta, encontram-se em regressão.
Os próprios Inuites da Gronelândia já se queixam da ausência de gelo nos fiordes onde ainda à pouco tempo se erguiam majestosos glaciares e das temperaturas demasiado altas, como nunca antes haviam constactado.

Ora o degelo das grandes superfícies geladas do planeta irá provocar um aumento do nível das águas marítimas e um comportamento mais imprevisível do clima, provocado pelo desequilíbrio de salinidade e temperatura das águas dos oceanos. É de esperar que isso venha a ter graves repercursões nas cidades costeiras.
De certo todos têm bem presentes a tragédia que se abateu sobre Nova Orleães com o furacão Katrina.

Actualmente as grandes catástrofes climatéricas são monitorizáveis e previstas atempadamente o suficiente para que se possam tomar medidas preventivas. Mas em caso de evacuação geral é fácil imaginar o caos que inviabilizaria a evacuação imediata duma mega-metrópole. Diria até que tal seria impraticável.

As nossas cidades não podem crescer desmesuradamente. A ganância não se pode sobrepor à razão, nem pode manipular o descernimento dos governantes. Toda a sociedade tem de rever os seus propósitos e repensar o seu modo de viver nas cidades. Quantas mais pessoas se tiverem amontoado numa zona de desastre mais vítimas haverá. E mais difícil será a mobilização de meios para poder a todos acudir devidamente.

Já somos possuidores de conhecimento científico e de tecnologias suficientes para podermos projectar devidamente as nossas cidades, levando em conta todos os infortúnios do destino. Para fazermos jus ao saber acomulado em milénios de civilização, deveríamos começar a reordenar as cidades que sabemos estar em zonas de risco e investir na edificação de cidades projectadas para sempre apresentarem bons desempenhos em todas as situações.

2 comentários:

SILÊNCIO CULPADO disse...

Salute ManDrag
Li com atenção o teu texto que revela uma preocupação que eu também sinto a nível sociológico.
A pressão humana, sobre as grandes cidades do litoral, aumenta insegurança e a solidão. Os subúrbios são espaços de desenraizamento onde se perdem referências e se acendem mágoas.
Os governos preferem concentrar para investirem menos em equipamentos sociais e infraestruturas que permitiriam desenvolver o interior dos Países e manterem valores e culturas que fazem parte das suas identidades.
Mas em período de desumanização quem se preocupa com isso?
Abraço

ManDrag disse...

Salve! Minha Amiga
A desumanização é cada vez maior, quando toda gente fica apregoando Direitos Humanos que nem peixe na lota.
Cresce a riqueza. Mas a consciência?...
Muito tem de mudar... e muito vai mudar. Mas as mudanças trazem sempre sofrimento e sangue na razão directa.
Como Humanidade ainda não aprendemos a fazer melhor.
Mea Culpa!
Salutas!