A juventude é sinónimo de alegria, esperança e vitalidade. Ou, pelo menos, assim a idealizamos e acreditávamos que fosse. Mas cada vez mais me deparo, no meu quotidiano, com jovens deprimidos, desalentados e à toa, sem saber que rumo dar às suas vidas.
Durante milénios aprofundamos o saber, desenvolvemos a tecnologia, ultrapassámos os limites que anteriormente seriam impensáveis de ser batidos, inventámos morais, dogmas, códigos e tudo mais que entendemos necessário a uma melhor existência.
Mas porque somos cada vez mais infelizes?
Porque será que nesta nossa civilização, tão longamente elaborada e expandida, a felicidade está na razão inversa da abastança?
Porque seremos nós capazes de gastar milhões levando um homem até à Lua e trazendo-o de volta são e salvo e não somos capazes de gastar muito menos para livrarmos todos os humanos da fome?
E porque não conseguimos nós entender estas disparidades?
No passado o maior flagelo da Humanidade eram as suas inúmeras carências. Hoje o grande flagelo da Humanidade é a abastança. Só que toda essa abastança está retida nas mãos duma ínfima minoria. E a ganância alimenta-se da sua própria avidez. Assim quanto mais ricos mais ansiosos de maior riqueza.
Se apresarmos um rio com uma barragem, ele deixará de correr. A juzante dela, nos terrenos outrora irrigados e férteis, apenas aridez e deserto crescerão, tudo cobrindo com o manto da desolação. Entretanto a montante as águas aprisionadas aumentarão cada vez mais a sua pressão contra os muros do dique, esperando a oportunidade duma brecha para estoirarem com uma fúria devastadora.
Do mesmo modo uma pequena elite de senhores deste mundo joga com os destinos de toda a Humanidade. Mas se outrora o Poder estava nas mãos dos Monarcas e Governantes, agora não mais é assim. Os Governantes de hoje já não são os senhores do Poder. Quando o povo percebe que os seus Governantes já não governam mais, sendo apenas títeres de obscuras figuras dissimuladas num anonimato indecifrável e malévolo, o povo não pode mais ser feliz e passa a temer pelo seu destino.
Os jovens de hoje são o rosto do futuro. Olhando nos olhos dos nossos jovens podemos antever o amanhã. E o que vemos não é de modo nenhum animador. Alegria e confiança não são mais sentimentos que encontremos nos olhos dos nossos jovens. Medo, intranquilidade e raiva; muita raiva, uma raiva contida mas crescente, é o que observamos no olhar dos nossos jovens.
Mas eu não sou um arauto da desgraça. Não sou, nem serei!
Eu acredito que entre estes jovens desalentados e deprimidos, muitos carregam no fundo das suas almas a semente do mundo de amanhã. O mundo que será deles e que eles saberão construir a seu modo.
Um mundo bem diferente daquele que lhes deixamos de herança.
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7 comentários:
Mandrag, como vai?
Muito bem escrito teu post sobre a depressão.
Realmente a depressão é algo assustador para o adulto, imagine para os jovens?
Ainda estão aprendendo a viver e qualquer disilusão toma uma dimensão imensa.
É preciso que a qualquer sinal de depressão no jovem , se procure um psiquiatra para um suporte se for caso. E depois uma boa terapia, talvez conhecendo que o dá angústia , possa elimina-la.
Te agradeço de coração por linkar o site de Filipe.
Forte abraço.
Ray
Infelizmente, a alegria está diminuindo e a esperança parece-me definitivamente arredada da vida de milhões de pessoas.
É o resultado deste modelo desumanizado de sociedade em que a maior parte de nós sobrevive!
Lutemos.
Feliz semana.
Salve! Ray e São
É normal os jovens atravessarem períodos de confusão dramática, próprios do seu crescimento e adaptação à passagem para o mundo das responsabilidades da vida de adultos. Mas o que não é normal é esta propensão quase generalizada, da juventude de hoje para a depressão, principalmente quando tal se verifica em países que apresentam níveis de sociedades desenvolvidas e com vastos recursos.
Isso são sinais de que algo não vai bem e que todos devemos estar mais atentos; principalmente os governantes.
Salutas!
Passa no meu blog que tenho uns presentinhos pra tí lá!
ManDrag
Com atrevimento e ousadia entrei no teu espaço.
Aqui, identifico-me no pormenor.
Aqui, sinto-me em casa, onde cada palavra escrita, desce o véu da imagem que transporta o teu perfil, rumo à maré próxima.
Sinto o que sentes, sentes o que também sinto.
Ler-te-ei sempre, diário de vida paralelo ao meu.
Parabenizo-te desmesuradamente.
Um abraço ManDrag.
Salve! Arnaldo
Grato pela visita e pelos «presentinhos». rsrsrs
Muita simpatia da tua parte. Espero continuar correspondendo ao reconhecimento pelo meu trabalho.
Volta sempre!
Abração!
Salutas!
Salve! Paulo
Atrevimento nenhum! Devassa os meus espaços a teu bel-prazer. Eles estão aí portas abertas. É só entrar!
Felicito-me pelo reconhecimento de alma geminada. De tanta lisonja sinto-me até adolescente colegial corando embaraçado na tribuna, recebendo distinção perante ovacionante plateia.
Abração!
Salutas!
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