domingo, 8 de novembro de 2009

OLHA OS SINAIS!

O Século passado foi um longo período de convulsões sociais em busca dum ajuste ideal, que variava segundo os dogmas de cada grupo.

Experimentou-se a vivência de duas absurdas guerras globais, com todo o seu desfile de horrores e rasto de traumas que perdurarão por gerações, mesmo que dum modo muito subtil. Testemunhou-se também o prolongamento de absurdos conflitos e guerras que em nada contribuíram para a paz e bem viver dos povos que sofreram as suas consequências.

Foi um tempo de inventividade e renovação em que tudo se alterava em catadupa e a uma velocidade estonteante. A tecnologia, mais do que a ciência, entrou mais que nunca no processo de definição do modelo de vida das sociedades e povos.

Foi um desfilar de ascensão e queda de impérios e de consolidação do sistema capitalista, com a sua ditadura de horror económico hegemónico e desumano. O sucesso material foi entendido como valor supremo, sobrepondo-se muitas vezes, senão quase sempre, ao interesse vital e dignidade das gentes.

Assistiu-se ao nascimento e desenvolvimento enviesado duma globalidade erradamente cimentada numa base de massificação intensiva, eliminadora das culturas e idiossincrasias dos diferentes povos e indivíduos, sem lhes permitir e dar uma identidade própria.

Foi um tempo em que se esqueceu a faceta espiritual do ser humano, visando apenas a satisfação de objectivos materiais. Menosprezou-se a formação humana, favorecendo o egoísmo e a ganância ao promover o lucro e a posse como objectivos derradeiros da realização humana.
Abandonou-se o investimento na Educação (a verdadeira Educação e não a capacitação profissional), deixando assim espaço para o desenvolvimento da barbárie violenta que se testemunha diariamente em todos os níveis duma sociedade cada vez mais assimétrica e injusta.

Os sinais estão aí, ao nosso redor, no nosso quotidiano. Estejamos atentos e empenhemo-nos em ler os sinais e lutar por os reverter.


Quero aqui anunciar também que suspendo as minhas publicações neste blog. A partir de agora podereis continuar acompanhando os meus pensamentos e devaneios no Confessium, assim como nos meus outros blogs, cujos endereços podereis encontrar aí ao lado, na margem.

Fiquem em paz e até sempre!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

HONDURAS: ALERTA DITADURA

Por vezes a perigosa imbecilidade política de alguns quase leva-nos a ficar do lado de quem reprovamos. Assim quase que toleramos a intervenção dos militares na crise institucional hondurenha, perante o descarado assalto ao poder absoluto por parte de Manuel Zelaya, assim como o seu assalto, acolitado por um bando de algumas dezenas de seguidores, à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, para nela instalar o seu escritório político de incitação à violência civil.

O caso Honduras tem todos os indícios de alerta do que deve ser evitado para se construir um mundo melhor, com países que respeitem a justiça e a dignidade do ser humano. Mais uma vez a ambição de poder de um põe em risco a tranquilidade e harmonia duma nação e de todo o seu povo. 
Mas não só! Manuel Zelaya ao impor o seu refúgio na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa acaba por arrastar outra nação, alheia ao confronto institucional por ele provocado, trazendo a intranquilidade ao povo brasileiro que, com alguma angústia, observa o desenrolar dos acontecimentos em torno da sua representação diplomática nas Honduras.

Neste século XXI já nada justifica estes assaltos pessoais ao poder. Também já é tempo de deixar de recorrer a golpes militares, mesmo que a pedido de instituições legais, para solucionar conflitos institucionais. Por todo o mundo os povos aspiram à paz. É tempo de os governantes começarem a compreender que a sua função é estar ao serviço do povo e que os seus ideais para a nação devem ser coincidentes com os desse mesmo povo. A política tem de deixar de ser um couto de vaidades e interesses pessoais.

Mais preocupante é a constatação da influência e apoio de Chávez, da Venezuela, por trás dos actos de Zelaya. Com um discurso populista e atitudes totalitárias, o pró-ditador venezuelano, vem tentando criar uma corte de influência na América Latina que lhe satisfaça os intuitos imperialistas. As atitudes pouco sensatas, de permanente confronto, do dirigente põem o seu povo e todas as nações da região à beira duma crise de nervos.

Todos os ditadores mais encarniçados e alguns dos mais sanguinários, da história da humanidade se afirmavam defensores dos interesses populares.

sábado, 5 de setembro de 2009

CONSTRUINDO

A maior carência social no mundo actual é Educação.

As carências, as desigualdades sociais e o atraso duma sociedade estão na razão inversa do seu nível educacional. Daí todo o projecto de renovação social deverá ter como propósito fundamental a implantação dum sistema de educação permanente para todo o corpo social.

A educação deverá ir além da escola, além do núcleo familiar. A educação deverá ser um cuidado permanente dos dirigentes e agentes do poder, assim como de todo o conjunto da sociedade. uma educação que estimule e modele todo o modus operandi da sociedade.

Para estabelecer um rico padrão educacional não basta legislar. "Já temos uma lei que salvaguarda..." "já dispomos duma lei que estabelece..." "já fizemos uma lei que define..." "já publicámos uma lei que protege..." Apenas fazer leis não é governar. Este mundo está cheio de paises com constituições e legislações ricas de humanismo e salvaguarda de direitos universais, mas que vivem em profunda injustiça e atropelo da lei.

O acto de bem governar implica acima de tudo a manutenção das melhores condições ideais de vida para todos. Isso alcança-se educando e definindo os ideais e projectos maiores, depois educando e regulamentando dentro pos padrões desses ideais, por fim eduacando e fiscalizando a aplicação da lei.

Educar deverá ser um propósito sempre presente na motivação dos governantes e de todos. Uma nação próspera constrói-se com a vontade e participação de todos, porque todos são parte integrante desse universo. A isso se poderá chamar Democracia!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

SEM REVISÃO

Após alguns meses de ausência e silêncio tento retomar a minha participação nos espaços literários dos meus blogs aqui na internet. E como todos os regressos trazem em si um quê de mudança, este meu retorno não deixará de revelar algumas alterações na forma e no conteúdo, pelo que conto com a vossa paciência e boa aceitação.

Mitos e preconceitos persistem no saber popular que condiciona o agir do povo. O povo, como qualquer multidão, é uma massa irracional que age por instinto e impulso gregário. A falta de cultura dum povo serve as vantagens daqueles que detêm o poder, pelo que há todo um cerco de desinformação e alienação dirigido àquilo que um dia se chamou de massas.

Vivemos na ditadura da economia, camuflada de Democracia. A rotatividade democrática de alguns modelos governativos, é um sistema perverso que dá a ilusão de ser o povo senhor do seu destino, quando nada mais pode estar tão longe da verdade. O povo é condicionado e doutrinado pelos fazedores de opinião (opinion makers), que se acoitam ao serviço de forças obscuras, zelando pelos interesses económicos dos verdadeiros senhores do mundo. Ignóbil enfatizar supostos cuidados com os direitos humanos, quando na verdade o que fala mais alto é o direito à ganância desmedida.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A PROPÓSITO DE DARWIN

Recebi um email da minha amiga Lena: "...fomos ver a exposição sobre Darwin e a sua Teoria da Evolução..." Na conclusão das reflexões sobre o que haviam observado subsistem algumas questões: "Quem sabe se o destino da nossa existência no planeta não será precisamente tornarmo-nos os Deuses de uma Nova Criação... Não nos adaptamos à Natureza fazemos dela nossa escrava e não nossa aliada, até quando?" Mas, minha cara amiga, é isso mesmo!

Todos trazemos o registo profundo da condição da nossa existência e do nosso percurso evolucionário. Não tomamos consciência disso porque perdemos o elo interior da nossa ligação ao Universo, o que nos leva a viver em contracorrente com o nosso desígnio maior. Mas não deixamos de evoluir para o cumprimento do nosso destino.

Nós evoluímos, tal como tudo no nosso universo. De Homem Sábio (Homo Sapiens)  iremos crescer até ao Homem Espiritual e desse até ao Homem Criador. O desígnio derradeiro da nossa existência, enquanto espécie humana, é tornarmo-nos Criadores.

Somos criadores da nossa realidade e da nossa existência. Moldámos o mundo em que vivemos e nele aprendemos a sustentá-lo, para num futuro longínquo sermos também nós Criadores de outros mundos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

INTELIGÊNCIA E VONTADE

A energia que nos impulsiona enquanto Humanidade em processo evolutivo é essencialmente emocional. Contudo, cada vez mais nos é exigido uma tomada de consciência inteligente para resolução dos desafios que encontramos pelo caminho. Temos uma visão dramática, quando não trágica, do Mundo e da Vida. Mas não tem que ser assim; temos todas as capacidades para alterar o fatalismo duma visão redutora da existência. Apenas temos que aprender a Vontade.

Podemos ter desenvolvido uma civilização tecnologicamente avançada, mas não evoluímos como um todo harmonioso e activamente inteligente. Uma sociedade baseada na autossatisfação dos prazeres básicos não espelha todo o potencial da Humanidade. Um modelo de vida baseado num hedonismo primário e materialista cria um mundo egoísta de corrida ao consumo, gerando desigualdade e injustiça social. Resultado muito pouco satisfatório numa espécie que se afirma como sendo inteligente.

Demasiado dependentes da inserção num grupo social, tornamo-nos descurados com a importância do nosso querer sobre os nossos destinos individuais. Desaprendemos a arte de ser autónomos e conscientes dos rumos que escolhemos. Passamos a ser cordeiros num rebanho, sem vontade própria.

O povo tornou-se ignorante da cultura que o suporta. Isso é a descaracterização do Ser Humano, enquanto agente gerador e gestor de cultura. É a apologia do homem-máquina dos primórdios romanescos da sociedade industrial. 
Um povo inculto é um povo escravo. Apenas o saber é libertador.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

AMOR-PRÓPRIO

O sistema social vigente falha completamente na formação humana do indivíduo. Os pais relaxam o seu dever de formação dos filhos nos educadores-de-infância (primeiro) e nos professores (depois), sem que estes tenham a competência e condições de o fazer sozinhos. Depois há toda uma pressão de concorrência e formatação da criança num sistema que peca por se exceder em errados pressupostos de modos vida e felicidade.

A formação do indivíduo, desde criança, é negligenciada em detrimento da sua habilitação como agente produtor-consumidor, numa sociedade de perfil exclusivamente materialista. A plenitude do indivíduo é irrelevante perante a sua capacidade de servir os propósitos gananciosos do sistema.

Nada, nem ninguém, está preparado para estimular amor-próprio em qualquer um de nós. Sentimento fundamental para a formação plena do indivíduo e indutora de felicidade. Como disse o meu amigo Jorge Oyafuso "se a pessoa não tiver amor-próprio, ela não terá amor consistente para com outras pessoas, e tampouco saberá o que é amar" e o Amor é fundamental para alcançar a Felicidade.

Nesta Nova Era é tempo de todos assumirmos os nossos papéis individuais e colectivos na busca e aplicação de todo o conhecimento acumulado por milénios de evolução humana. A ideia pós-industrial do homem-máquina caducou. Impõe-se a assunção da condição universal e espiritual do Ser Humano. Temos de nos esforçar por fazer muito melhor do que estamos fazendo. O comodismo e conformismo desta sociedade ilusoriamente pró-hedonista é pernicioso no seu desleixo pelo cuidado na formação humana individual.

Temos de reaprender os ancestrais hábitos de reconhecimento e respeito por cada indivíduo como um ser humano. Apenas com o estímulo e apoio de toda a sociedade se criam indivíduos psicologicamente equilibrados e saudáveis, em plena vivência dum amor-próprio capaz de lhes inspirar a felicidade que contribuirá para uma feliz harmonia geral.


Dedicatória: À memória dum Amigo que nunca conheci, mas com cujo pensamento tenho convivido através da Amizade da sua filha, a minha Amiga São Banza.

domingo, 12 de abril de 2009

LENHA E DESERTO

Todos nos penitenciamos pelo contributo nocivo da poluição, causada pela nossa civilização, nas mudanças climáticas e desertificação do nosso habitat. Mas não somos apenas nós, os ricos civilizados e industrializados, que poluímos e degradamos o meio-ambiente.

As populações pobres e aquelas deserdadas dos seus vínculos ancestrais com a Mãe Natureza, que vivem entre dois mundos, sem a nenhum deles pertencer, acabam por dar um contributo altamente nocivo na desmatação de florestas e savanas. A aculturação a que esses povos de início foram forçados e mais tarde se permitiram na perspectiva de alcançar um eldorado que nunca lhes sorriu, deixou-os sem rumos próprios. Não souberam, nem quiseram, retornar às suas práticas ancestrais e perduram num limbo anacrónico altamente nocivo. Falaciosamente sustentados por incorrectas políticas paternalistas, eles acabam por adquirir hábitos desajustados ao meio em que vivem.

A necessidade que todos têm de lume para confeccionar as suas refeições leva a que os mais pobres procurem nas florestas circundantes a lenha que necessitam para produzirem o fogo indispensável. Tal prática revela-se incorrecta e ainda mais nociva quando associada ao desmatamento por parte de madeireiros sem escrúpulos.

Em África o desmatamento da escassa vegetação da savana, pelas populações para a produção de lenha, a um ritmo superior ao do crescimento natural, leva a um empobrecimento do solo, que se torna arenoso. Inicia-se assim um processo de desertificação progressivo que avança com o deslocamento das areias sopradas pelos ventos. 

Já as zonas de floresta tropical são um alvo preferencial dos madeireiros que buscam o lucro com o comércio de madeiras exóticas. As grandes distâncias e a escassez de agentes e medidas de fiscalização e controlo, facilitam a proliferação deste comércio criminoso.

Tal se verifica igualmente na América do Sul e na Ásia, onde o crescimento populacional se junta também aos comportamentos que acima referi. Aqui ainda temos que considerar o desmatamento para a conversão dos terrenos selvagens em zonas agrícolas, de maior ou menor escala, mas igualmente perniciosos para a vida selvagem e a preservação dos ecossistemas.

A comunidade de países desenvolvidos possui os meios para ajudar a eliminar estas práticas. A ciência e a indústria têm o conhecimento suficiente para produzir pequenos fogões alimentados por energia solar e os países ricos o dinheiro suficiente para os distribuir nas zonas mais inóspitas e carentes do globo. Afinal o desmatamento para obtenção de lenha para a culinária acontece nas regiões mais expostas ao sol. O dinheiro para isso?! Não foi fácil os ricos arranjarem milhares de milhões de dólares para salvar a sua rica economia nesta crise?

Quanto ao comércio de madeiras exóticas e desmatamento para alimentação de fábricas de produção de papel, a comunidade de países desenvolvidos também tem muito a dizer sobre isso, tanto em termos de regulamentação do comércio, como no apoio logístico aos países mais carenciados.

A Humanidade já alcançou um patamar de evolução tecnológica e económica capaz de proporcionar a todos um modo de vida salutar e sustentável, sem que uns tenham uma cozinha atafulhada de maquinaria supérflua e outros tenham de abater árvores centenárias e por vezes milenares, para sobreviverem.

sexta-feira, 27 de março de 2009

SINAIS

Pouco a pouco vamos verificando o aparecimento em cena de uma nova geração de políticos e figuras públicas, com novos ideais e novos modos de abordagem dos problemas. Novas posturas mais humanistas e próximas do cidadão-comum.

Ao dizer isto logo nos ocorre à mente o paradigma da eleição de Barack Obama. Mas cada vez mais a política se estende para além dos gabinetes da governação, deixando de ser um jogo de interesses económico-estratégicos, para assumir um perfil de cuidados sociais e globais protagonizados por figuras mais ou menos públicas, muitas delas com percursos bem afastados dos redis da política.

São os sinais de novos tempos. 
Assistimos ao declínio de uma Era e ao dealbar de outra. Mas nesta nova época novos modelos se impõem. Um novo entendimento do mundo, uma nova forma inclusiva de compreender a Humanidade em toda a sua diversidade e idiossincrasias.

Já não é tempo para nos entretermos com guerras e subjugação de povos, com  o único fito de uma exploração económica imoral e desumana. Já não é tempo para submissões a dogmas políticos, moralistas ou religiosos, que se sobrepõem ao verdadeiro bem-estar do ser humano. 

É tempo de repensar costumes e tradições. É tempo de reinventar a modernidade. É tempo de incorporar a ciência e o conhecimento, nos usos do quotidiano. É tempo de escutar os filósofos e pensadores, aprendendo com eles a ponderar e reflectir.

É tempo de todos assumirmos a nossa maioridade evolutiva. Tempo de assumirmos a responsabilidade individual perante os destinos do mundo em que todos habitamos. Tempo de integrar uma consciência colectiva universalista.

domingo, 15 de março de 2009

DIVAGAÇÃO URBANA 7: CLUSTER URBANO

Vivemos na Era Urbana.

As populações migram das zonas rurais para os grandes centros urbanos, preferencialmente para o litoral. As cidades crescem além do conveniente, tornando-se imensas megalópoles.

Tais megalópoles caracterizam-se por uma região central (correspondendo muitas vezes ao centro histórico originário da urbe), onde se concentram serviços e comércio, assim como algumas das habitações mais caras (visto o elevado preço dos terrenos nessas zonas apetecíveis). Também para o centro convergem todos os transportes urbanos, o que torna o tráfego denso e a circulação difícil. 

Desenvolvem-se então bairros periféricos, irradiando do centro económico e administrativo, que se vão agigantando dum modo mais ou menos caótico, incapacitando a administração central de responder a todas as solicitações de gestão de infra-estruturas e supervisão.

O crescimento das  mega-cidades é demais previsível, nos tempos que correm, pelo que se justifica uma ponderação cuidada na elaboração política de planos de crescimento. Para tal seria necessário repensar o sistema de administração municipal das cidades.

As megalópoles deveriam organizar-se como grandes clusteres de micro-cidades, cada uma com uma administração própria que zelaria pelo bom cumprimento do plano director central. O conjunto de administrações das micro-cidades formariam uma assembleia que agiria em uniformidade com as directrizes do Município Central.
Deste modo seria muito mais fácil o acesso do cidadão aos dirigentes locais e estes estariam mais próximos dos problemas, logo mais conscientes da premência das necessárias intervenções. 

Todas as micro-cidades seriam providas das infra-estruturas necessárias para a satisfação de todos os cuidados básicos das populações, tanto em termos administrativos, como sanitários e educacionais.

Uma boa rede integrada de transportes colectivos serviria para facilitar a comunicação entre as diferentes micro-cidades, evitando a saturação de tráfego no núcleo central da megalópole. 
Do mesmo modo todos deveriam ter possibilidade de emprego na sua própria zona de residência, subtraindo-se assim o pendular movimento populacional quotidiano, evitando todos os seus malefícios, tanto a nível económico como no bem estar humano dos cidadãos, que se sentiriam mais integrados e co-responsáveis pelos ambientes em que viveriam.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

JUSTIÇA NÃO-CEGA

Justiça cega, não!

A Justiça não deve ser punitiva. A Justiça deve estar sempre um passo à frente do crime. Compete às instituições governamentais da sociedade e a esta mesma, contribuir para um equilíbrio salutar entre todos os campos da actividade social, assim como da educação de todos os indivíduos, desde a mais tenra idade, para um integrado viver cívico.

A justiça não começa nos tribunais nem termina nas prisões. A justiça deve começar desde criança, no aprendizado dos rudimentos de viver em sociedade.
A justiça implica o envolvimento de todo o corpo social. Não estou falando da denominada "justiça popular", mas sim do entendimento, por parte de todos os indivíduos que a justiça envolve todos e não apenas a instituição judicial.

O espírito de rebeldia e afrontação, fazem parte do ser humano. Esse espírito tem até contribuído para muitos avanços da Humanidade. Contudo é necessário saber controlar esse espírito rebelde e transgressor; não o castrando, mas orientando-o dum modo positivo.

O enjaulamento de seres humanos é uma barbaridade, impensável para uma sociedade que se pretende tão evoluída como a nossa. Não é amontoando criminosos e marginais numa jaula que se reabilitam ambos. 
Não basta a privação da liberdade para a reeducação de quem quer que seja. Quanto muito, tal medida apenas despertará sentimentos de revolta e frustração.
Se a sociedade tiver modos de prevenção das situações que estimulem a prática de transgressões e crimes, mais fácil será a prevenção e resolução de problemas. 

Diz o ditado popular que: "A ocasião faz o ladrão." 
Pois é... numa sociedade cheia de injustiça social e desigualdade, onde uns (poucos) têm obscenamente mais do que precisam e outros (muitos) não têm o mínimo para sobreviver...

A Justiça não pode ser cega. Cabe aos magistrados terem a coragem e a lucidez de julgarem cada caso com ética e humanidade, sem se restringirem (e muitas vezes se refugiarem) à frieza ácida da linearidade, desumanamente imparcial, da lei.
É chegado o tempo de os magistrados deixarem de julgar no abstracto e assumirem o seu papel de seres humanos envolvidos no processo de fazer verdadeira Justiça.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

NOVA ONU

24 de Outubro de 1945, data da fundação oficial da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os seus objectivos:
. Manter a paz mundial
. Proteger os Direitos Humanos
. Promover o desenvolvimento económico e social das nações
. Estimular a autonomia dos povos dependentes
. Reforçar os laços entre todos os estados soberanos

Ao fim de 63 anos da sua existência quais destes objectivos conseguiu a ONU implementar eficazmente?
Quanto a mim, nenhum!

E porquê?! Principalmente pela sua instrumentalização por um dos seus organismos de liderança; o Conselho de Segurança, através do qual alguns viciam as determinações da Assembleia em proveito dos seus interesses próprios.

Fundada na agonia do pós 2ª Guerra Mundial e enviesadamente moldada no decorrer das angustiantes décadas da Guerra Fria, revela-se agora uma organização desactualizada e obsoleta, na sua incapacidade de se impor com autoridade e soberania, necessárias nestes dias de globalização em que o desmando tende a imperar.

O paternalismo do seu Conselho de Segurança é impróprio para um mundo onde novos valores e poderes despontam dia a dia, moldando um novo mundo que nada tem a ver com aquele que lhe deu origem. O direito de veto de alguns dos seus membros permanentes é vergonhoso num mundo em que se pretende a igualdade para todos os parceiros, ou não seja essa a base da democracia - ideologia que parece ser consensual entre todos os seus membros, para o funcionamento da própria instituição.

Tem sido por demais evidente a manietação da ONU, por países e lobbies, de modo a restringir a sua capacidade de intervir com soberana autoridade na implementação das resoluções da sua Assembleia Geral. 
A ONU nasceu como boneco de ventríloquo das nações poderosas da altura, logo incapaz de agir livremente e com a autoridade necessária.

Cada vez se torna mais notória a necessidade de uma profunda e completa reforma nos estatutos e organismos de decisão e intervenção da decrépita organização, para a formação duma verdadeira Organização das Nações Unidas, que pugne pela igualdade de tratamento entre todas as nações e povos. Uma ONU dotada dos meios necessários para impor a ordem e paridade entre todos, sem excepções. 
Enfim, um organismo de autoridade e soberania em que a voz de todos e qualquer um, tenha o mesmo peso e valor.

domingo, 25 de janeiro de 2009

URBANA DIVAGAÇÃO 6: TÚNEIS E ARCADAS

A mobilidade e a comunicação são dois dos mais importantes móbiles da nossa actual civilização pró-global. E isso modela o nosso quotidiano, condicionando as nossas opções e as nossas vidas pessoais.

O automóvel é o grande ditador na definição de prioridades de ocupação de espaço urbano, relegando para segundo plano o cidadão, o indivíduo, o ser humano que deveria ser a peça fundamental na definição das políticas urbanísticas. Fomos permitindo que o transporte individual e particular ascendesse acima dos interesses colectivos e individuais. Assim as cidades se viram invadidas por essa praga danosa. 

A ditadura do automóvel levou até a forçar a construção de túneis para a circulação do metro e assim facilitar a mobilidade de maiores números de indivíduos, deixando a liberdade de viajar em pleno céu aberto aos afortunados possuidores de transporte próprio.

Os túneis são caros no investimento de construção e na manutenção, além de não garantirem mais segurança para os utentes. Do mesmo modo a construção de viadutos e plataformas elevadas para a circulação do metro nas grandes cidades, para poder continuar permitindo o reinado do automóvel nas vias principais, peca dos mesmos males de custos e insegurança. Além de serem aberrantes em zonas de preservação histórica.

O ideal será a implementação de metros de superfície, por inúmeras razões vantajosas para todos. A primeira é a facilidade de acessibilidade ao mesmo por todos os cidadãos, principalmente aos portadores de alguma incapacidade ou deficiência. Tal política também obrigaria a uma redefinição da circulação rodoviária dentro dos centros urbanos, dando prioridade ao transporte colectivo e condicionando a dispersão fastidiosa da indisciplinada praga automóvel.

Afastando a circulação automóvel para vias secundárias, deixando as artérias principais para o metro de superfície e outros tipos de transporte colectivo, iria encurtar os tempos de percurso de tais meios. Essa medida também permitiria uma melhor e mais livre mobilidade para a circulação pedestre. Culminando ainda num melhor ambiente, menos poluído, logo mais saudável.

Motivando assim a circulação pedestre para curtas distâncias, seria de interesse que os edifícios fossem construídos com arcadas no piso térreo das suas fachadas, para desse modo se proporcionar um abrigo, contra os rigores do clima, aos transeuntes. Para tal seria necessário o empenho e conjugação de intenções e esforços coordenados de diferentes agentes oficiais e empresariais, o que culminaria num envolvimento da sociedade civil em decisão de matérias de interesse comum a todos, como a edificação do espaço urbano.

domingo, 18 de janeiro de 2009

MISTÉRIO

A nossa existência está envolta em mistério. É ele o grande impulsionador da vida e do conhecimento. O mistério faz parte da nossa essência e deverá fazer parte do nosso existir comum. Só assim teremos motivação para a busca e a procura, que nos levam a crescer.

Ao longo da evolução cultural da Humanidade sempre houve questões que nem os mais sábios podiam responder. Muitas vezes tais questões se tornavam tabu, outras passavam a ser ilustradas por lendas e mitos, que de geração em geração iam sendo relatadas e mantidas na busca dum esclarecimento oportuno. 
Ainda nos dias de hoje, com todo o conhecimento científico e tecnológico de que dispomos subsistem muitas questões que estão fora do nosso entendimento. E quanto mais procuramos as respostas a essas questões, outras se levantam mais indecifráveis ainda. Muito do que temos hoje não são respostas claras e objectivas, mas teorias baseadas em cálculos matemáticos. 
Há determinados mistérios que apenas a matemática pode explicar, daí ela ser tão fundamental no nosso conhecimento actual.

Que é o tempo? Que é o espaço? Será o Universo finito? O que é o finito ou o infinito?

Quando os cientistas procuraram desvendar os segredos do universo, da sua origem e as suas leis, se depararam com mais novas questões, que propriamente com respostas definitivas. Através da física quântica perceberam que muitas das respostas que encontraram já haviam sido descritas pelos antigos sábios místicos das nossas mais vetustas civilizações e culturas (ver "O Tao da Física" de Fritjof Capra).

O mistério estimula a imaginação e esta leva à inventividade. Na essência o Ser Humano é uma criatura de busca permanente e, apenas prosseguindo nessa busca nós alcançaremos o nosso desígnio maior; evoluir.

sábado, 10 de janeiro de 2009

10000 EUROS

10000 Euros, o preço de uma pele de tigre. 

Os compradores e incentivadores do comércio ilegal de peles de grandes felinos asiáticos, nomeadamente o tigre e o leopardo indianos, são tibetanos abastados que insistem em preservar as suas tradições culturais, mesmo após o Dalai-Lama ter apelado para o fim dessas tradições absurdas e criminosas. 
Na tradição tibetana (que teve origem no seu passado obscuro de povo belicoso) a ostentação exibicionista de peles de grandes felinos, como ornamentos de vestuário, é uma afirmação de opulência e estatuto superior.
O tigre indiano encontra-se à beira da extinção devido ao crime organizado da caça ilegal, que tem levado à sua chacina maciça. 

Tal como o tigre, outras espécies de predadores de topo se encontram em risco de extinção, seja pelo valor das suas peles, seja para servirem de iguaria culinária. Como o caso do tubarão que é pescado vivo, são-lhe cortadas as barbatanas e depois lançado ao mar de novo, para agonizar até à morte.

Mas não só pela caça legal ou ilegal, os predadores de topo se encontram em risco de extinção. Com a expansão demográfica e o alastramento urbano, as áreas de caça dos grandes predadores vão ficando cada vez mais limitadas e insuficientes. A exploração intensiva dos recursos naturais, por parte da humanidade, tem levado a desequilíbrios ambientais altamente nocivos para a subsistência das espécies selvagens. 

Na Natureza cada elemento tem a sua função num grande sistema em equilíbrio. Ao se interferir nessa cadeia de eventos é quebrado um ciclo, como que sagrado, pondo uma variante de incerteza na sua recuperação.

sábado, 3 de janeiro de 2009

BARRAGENS E AZENHAS 1

Os rios são as artérias e veias da Terra. Bloqueá-los é nocivo, senão mesmo criminoso.

As barragens hidroeléctricas são denominadas como produtoras de energia limpa. Limpa?!
Como chamar de limpa a uma acção que afoga milhões de organismos vivos e engole paisagens inteiras, com cidades e monumentos milenares? 
Como chamar de limpo a uma intervenção tão anti-natural e contrária à integração que se pretende entre as acções humanas nos sistemas ecológicos? 
Afinal onde andam as cabeças dos ecologistas? 

E não me venham falar nos exemplos da natureza pois seria no mínimo ridículo, caricato mesmo, comparar os diques dos castores com a Barragem das Três Gargantas (China).

A maior riqueza dos rios está na sua fluência, na liberdade de correrem livremente da nascente até à foz. E ao longo desse percurso há tanto que podemos aproveitar! 

O movimento é energia, assim a corredeira dos rios, ribeiros ou quaisquer cursos de água são fontes privilegiadas de energia. Mais privilegiadas quanto mais livremente correrem essas dádivas da Natureza.
A construção de barragens para a produção de energia eléctrica é uma solução obsoleta e megalómana, herdada duma filosofia de revolução industrial, que entendia o Homem como a suprema criatura capaz de domar a Natureza. Já chegamos à conclusão que estávamos errados. Porque insistir então em procedimentos estúpidos?

Se olharmos para trás podemos retirar ideias de soluções mais consentâneas com as filosofias ecológicas dos nossos dias. 
Recordo as velhas azenhas, os moinhos de farinha que instalados na margem dos arroios aproveitavam a energia cinética dos mesmos. Ora, utilizando o mesmo sistema de roda-de-nora ligados a um dínamo, seria possível produzir alguma energia eléctrica.
Será que nas nossas universidades não haverão cérebros capazes de desenvolver sistemas com capacidades de produção energética intensiva, partindo do mesmo princípio, de aproveitamento da energia cinética contida na corrente fluvial, que os vetustos modelos primitivos dos moinhos de farinha? Não creio que os antigos moleiros fossem mais criativos que os engenheiros de hoje.

Temos de deixar de ambicionar grandes soluções de panaceia. A tendência da nova sociedade emergente é a individualização. Temos então que pensar em diversidade e objectividade pontual.