A sexualidade é um tabu nas nossas sociedades ocidentais e ocidentalizadas, assim como em todas as sociedades relacionadas com o Livro (a Bíblia; judaismo, cristianismo e islamismo). Mais ainda quando essa sexualidade pode tomar contornos de incesto.
A Atracção Sexual Genética (ASG) é um facto. Embora por muitos não seja entendida como uma evidência natural, mas sim mais uma vez como uma perversão, embora inconsciente. Mas o que é a ASG?
Atracção Sexual Genética é uma situação do foro emocional em que dois familiares se apaixonam simultaneamente na idade adulta, após terem vivido separados e no desconhecimento mútuo até ao momento do seu encontro.
O caso pode parecer bizarro e novo, mas não é tão estranho assim para o nosso conhecimento comum. Este é um tema que já vem sendo abordado ao longo da história humana. E isso é verificado pelas várias mitologias ancestrais, que reflectiam os modelos comportamentais humanos. Temos o caso de Édipo, que após ser afastado de sua mãe quando criança, acaba por se apaixonar e casar com ela em adulto. Ainda na Mitologia Grega encontramos Narciso que se apaixonou pela sua irmã gémea. Na entronizada lenda medieval do Rei Artur que acaba seduzido pela sua meia-irmã Morgana. Assim como na Mitologia Germânica temos Siegfried, filho dos gémeos Siegmundo e Sieglinda. Exemplos não faltam nas narrativas tradicionais, que tentavam exorcisar os seus medos e ignorância através da projecção dos seus actos nas vivências dos seus heróis.
Mas tais casos são comuns nos dias que correm. Constactam-se exemplos de irmãos que separados bem novos, por razões de adopção ou outras, acabam por se reencontrar já em adultos e nutrirem sentimentos fortes de atracção mútua. Algumas vezes esses encontros terminam em relações conjugais assumidas por ambos os intervenientes, mas repudiadas veementemente pelos restantes familiares. Embora tais casos sejam muitas vezes encarados como incestuosos, isso é uma observação reducionista, pois a questão vai bem mais longe. Ou talvez até não, se analisarmos bem o que se passa nas relações incestuosas.
Mas não só entre irmãos se verifica a ocorrência de casos de ASG. Também tal se verifica entre familiares de segundo e terceiro grau.
Mas como se tratam de situações do foro mais íntimo e socialmente condenadas, elas nem são reveladas, a menos que sejam detectadas em flagrante. Muitas das vezes por se tratarem até de situações inter-geracionais (parentes de diferentes graus etários), o que enquadra os casos em contornos ainda mais reprováveis pela moralidade comum.
Os teóricos tendem a explicar estes casos (eles têm sempre uma teoria para tudo) como fenómenos de auto-identificação na pessoa do outro; ou seja um caso de narcisismo extremo (lá voltamos à Mitologia e ao simpático Narciso). Para tal avançam com referências como similaridades físicas e comportamentais, que induzem a uma identificação reflexiva mútua. Isto leva ao estabelecimento de cumplicidades que se dirigem a envolvimentos íntimos entre os parceiros (neste caso familiares) em que se vêm desdobrados; como se estivessem se relacionando com uma imagem projectada de si próprios.
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2 comentários:
Interessante esta ASG. Conheci um meio irmão a pouco menos de um mês. Não consigo parar de pensr nele. Mesmosa bendo que é meu irmão.
Ontem, estava a fazer zapping à noite (a ver se o sono chegava), quando parei no canal odisseia e comecei a ver um documentário que estava a dar sobre incesto, e reparei que falavam muito do síndrome ASG- que eu não sabia, de facto, o que quereria dizer- resolvi procurar na net, e enfim encontrei este blog. Reparei que na definição que acima se dá de ASG se fala no facto de serem parentes, não terem crescido juntos e de não terem conhecimento da existência um do outro. A minha questão é a seguinte: E se forem parentes, se tiverem sempre vivido juntos e se desde sempre tiverem tido conhecimento um do outro, deixa de se poder falar em ASG?É pura curiosidade minha.Cumprimentos.
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