quinta-feira, 19 de junho de 2008

LENHA E SOL

Fala-se numa crise gerneralizada a nível global. É certo que há sinais de crise por todo planeta; fome, guerras, catástrofes naturais, instabilidades sociais. Mas não venho aqui para falar da evidência, ou não, duma crise anunciada.


É ao longo da chamada Zona Tórrida do planeta (zona equatorail entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio) que se localizam a maioria dos países e povos economica e tecnologicamente mais desfavorecidos. É também sobre essa zona que o Sol mais incide e reina soberano durante todo o ano.

Mas em qualquer parte do globo uma situação é única, os povos necessitam de se alimentar e, para tal, necessitam de energia para cozinhar os seus alimentos.


O modo mais comum, porque mais acessível e barato, para as povoações conseguirem a energia necessária ao seu uso quotidiano é a lenha. Tal atitude incorre numa contínua e crescente desflorestação e consequente desertificação dos solos; desertificação essa que leva a outra desertificação: a demográfica. E essa deslocação voluntária das populações para os grandes centros urbanos, em busca de melhores condições de vida, provoca outros problemas a nível urbanístico; mas disso já tratámos noutro texto.

Sendo que vivemos todos no mesmo Mundo, cabe aos povos e nações mais favorecidos, económica e tecnologicamente, providenciar as melhores condições de subsistência para os menos favorecidos.
Sendo o Sol uma constante fonte de energia, disponível em qualquer parte para todos, porque não aproveitar esse potencial, para o auxílio dos mais desfavorecidos?
Deveria haver um empenho geral para o desenvolvimento de tecnologias simples que permitissem a concepção de fornos que aproveitassem a energia solar para o seu funcionamente. Esses fornos seriam depois distribuidos pelas populações das regiões mais ensolaradas do planeta, permitindo desse modo um recurso muito proveitoso para quem vive de coisas bem simples. Isso reverteria em benefício tanto dessas populações carênciadas, como de todo o planeta, ao evitar o abate de árvores e arbustos com o único fim de fazer um lume para cozinhar alimentos.

Os problemas das pessoas simples requerem apenas respostas simples. Não é distribuindo computadores entre populações africanas maioritariamente analfabetas que se melhora as condições de vida dessas populações. Se queremos ajudá-los é ir ao encontro delas e verificar quais as suas verdadeiras carências, para depois se poder encontrar soluções simples que lhes sejam acessíveis e práticas, recorrendo sempre que possível aos materiais excedentes que lhes estejam disponíveis.
Tomemos com exemplo o povo Massai, que vivendo em regiões de fracos recursos arborículas (a savana africana) utiliza os excrementos do seu gado como combustível para as suas fogueiras, onde cozinham os seus alimentos.

O desmatamento com o fim de obtenção de lenha provoca a desflorestação, que leva por sua vez à degradação dos solos. A degradação dos solos leva à desertificação. E esta traz consigo os mais indesejáveis transtornos climatéricos e ambientais.
A utilização de lenha para o aquecimento dos lares na nossa sociedade tecnologicamente desenvolvida, que já possui outros modos de aclimatação de ambientes fechados, é um acto criminoso de puro luxo ostensivo e esbanjador.

1 comentário:

São disse...

Concordo contigo, pois claro!

Viva a nova decoração, sim senhor...

Até logo.