quinta-feira, 5 de junho de 2008

PEIXES E CRUZES

«Garças a Deus que sou ateu!»
Esta a expressão mais eloquente que registei de alguém que se viu confrontado com a descrição das barbaridades atribuidas a essa divindade descrita no chamado Velho Testamento da Bíblia, como sendo deus, mas que eu entendo não passar dum Anjo, de nome Jeovah, a quem foi atribuido o patrocínio do povo Judeu e nada mais que isso.

Cristo andou, durante o seu curto tempo de vida activa, pregando novos ideais e padrões de vida. Daquilo que me foi dado conhecer, ao longo da minha formação num território católico e rodeado de cultos cristãos, nunca me constou que em algum momento Cristo se tenha referido a si próprio como fundador de alguma nova religião. Nunca ele renegou a sua origem e condição judaica. E se alguma religião nova ecludia durante o tempo em que ele viveu, religião essa consagrada pelo Batismo dos seus aderentes, como se explica que sendo ele o fundador, fosse ele mesmo batizado por outro (João o Batista) que já antes dele pregava os mesmos princípios?

Uma cruz é um instrumento de tortura e morte. Pura e simplesmente isso; sempre o foi.
Cristo sempre pregou a Vida e o Amor, a Compaixão e a Tolerância, o Altruismo e a Benevolência. Não creio que ele alguma vez pretendesse como simbolo máximo da sua doutrina um instrumento utilizado para actos tão infames e contrários aos seus ensinamentos.
Cristo viveu durante a Era Astrológica de Peixes, e «peixes» foi o símbolo escolhido pelos primeiros seguidores dos ensinamentos de Cristo. Esse sim deveria ser o verdadeiro símbolo do Cristianismo, se este não tivesse sido apropriado e adulterado por sinistras individualidades, que após a morte de Cristo ursuparam o seu legado, com a deliberada intenção de o desvirtuar e fazer valer os seus obscuros intentos.
À cabeça dessa extensa lista de usurpadores temos Paulo de Tarso, fanático doentio que numa análise psico-clínica dos seus legados se pode testemunhar que sofria de graves patologias psicológicas. A esse, mais que a qualquer outro, se deve a degeneração do Cristianismo de uma Filosofia de Conduta regida pelos Princípios do Amor e da Harmonia, numa Religião perversamente dogmática e castradora da Dignidade e Liberdade Humanas apregoadas por Cristo.
Nunca Cristo, enquanto Profeta, afirmou que após si viria aquele que ditaria os dogmas segundo os quais se fundaria uma religião que usaria o seu nome, e à qual todos se deveriam se submeter sob pena de não serem aceites no Reino dos Céus.

Cristo sempre apregoou que todo aquele que pretendesse orar ou prestar testemunho de Fé se deveria dirigir directamente a Deus, ao Pai. Nunca ele atribui algum nome à Divindade Suprema. Nem tão-pouco se referiu à necessidade duma hierarquia sacerdotal para que as preces dos crentes fossem escutadas e respondidas por Deus. E sempre ele reafirmou o Amor Divino por todos os seus Filhos, sem que em ocasião alguma ele invocasse fúrias divinas ou algum tipo de celestiais acções punitivas.
Cristo afirmou: «Eu sou a Nova Lei!». E essa Lei é o Amor. Rompia assim com a Tradição dum passado bárbaro e despótico, do culto a uma divindade de justiça arbitrária e vingativa.

Eu me assumo como um homem religioso, embora não siga nenhum dogma. Leio, escuto e aprendo com todos os grandes profetas e pregadores da longa História da Humanidade; Cristo, Muhammad (Maomé), Siddartha Gautama (Buda), Lao-Tze, Confúcio, Tenzin Gyatso (actual Dalai Lama), Francisco de Assis, Joana D'Arc, Agnes Gonxha Bojaxhiu (Tereza de Calcutá), Fernando Nobre, Leonardo Boff... e muitos outros homens e mulheres que fizeram e fazem, das suas vidas um testemunho de Verdade, de Amor e de Fé.

4 comentários:

São disse...

Só te faltou referir, infelizmente a perfeita cátara Esclarmunda de Foix ou Guillaume Bélibaste, último perfeito cátaro, queimado nas fogueiras da infame Inquisição.
De resto, estou de acordo com tudo.
Feliz feriado.

ManDrag disse...

Salve! São
Não referi, nem iria referir o nome da personalidade por ti referênciada, pois apenas aludi aqueles e aquelas das quais tenho conhecimento próprio da sua vida e obra; o que não acontece com o caso de Esclarmunda de Foix, ou de outros cátaros, que sei por ti serem muito reverenciados.
Conto sempre com a tua visita e intervenção oportuna.
Salutas!

Jorge Oyafuso disse...

Pois é, ManDrag... e Jesus, deve estar inconformado até agora... ver seus ensinamentos quase jogados foras por puro anseio de poder, é no mínimo, revoltante!

E, com o passar dos séculos, a Palavra foi interpretada tão erroneamente e cheio de doentes! Como diria o Renato Russo:

"Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui."

ManDrag disse...

Salve! Jorge
Bem hajas por trazer à lembrança esse extraordinário poeta/músico brasileiro que foi Renato Russo. Ainda hoje as gerações mais jovens o têm como referência.
Salutas!