sexta-feira, 13 de junho de 2008

URBANA DIVAGAÇÃO 1

A tendência das populações é aglomerar-se em enormes metrópoles. A busca do sonho de uma vida com mais confortos, com mais qualidade de vida, acaba por se revelar uma decepção. Nem sempre o conforto é o sonhado, muito menos a qualidade de vida.

A existência de milhares de pessoas, vivendo numa área reduzida, implica a existência de infraestruturas que possibilitem uma conveniente funcionabilidade de todo o sistema.
A mobilidade humana numa cidade é sempre um problema, tanto maior quanto mais disperso for o tecido urbano.
É economicamente mais vantajoso, tanto para o indivíduo como para o Estado, a concentração da população em cidades. Mas cidades pequenas são mais eficientes e mais humanas que as mega-cidades. Seria de interesse geral que as grandes metrópoles se dividissem em grupos de pequenas cidades separadas entre si por zonas rurais ou mesmo selvagens.

Com os recursos de comunicação e informação à distancia que dispomos actualmente, não se justifica que tenhamos de viver apinhados em gigantescas urbes neuróticas e claustrofóbicas.

Tomando o item da mobilidade humana no espaço urbano, o que temos assistido é a ocupação do espaço transitável e público, pelo automóvel e demais trânsito rodoviário. O ser humano é ostracizado dentro da cidade; relegado para uma condição inferior em direitos da sua livre mobilidade e perseguido por todo tipo de incómodos e riscos à sua integridade física.
O automóvel devia ser banido das cidades, em favor dum eficiente serviço de transportes colectivos. Essa medida poderia desenterrar o excelente transporte colectivo que é o metro, trazendo-o para a superfície; medida essa que sairia muito mais económica e eficaz. Mais económica pois a escavação de túneis e respectiva manutenção, são caríssimas. Mais eficaz porque poderia desdobrar-se em mais itinerários, cobrindo logo maiores áreas.

Reconheço a necessidade de haver alguma circulação rodoviária; tais como transitários de mercadorias ou serviços. Mas para tal deveria ser definida uma rede viária muito restrita que ligasse áreas fulcrais de concentração de serviços. Todo o restante espaço público deveria ser reservado prioritariamente para a circulação pedonal. O denominado centro da cidade deveria ser uma área exclusivamente pedonal, onde os únicos veículos admitidos seriam os metros de superfície e pequenos veículos de transporte colectivo.

Toda a área urbana seria abrangida por uma rede de ciclovias.
A utilização do metro de superfície, ou outros modos afins, seria preferencial e prioritária na política de provisão de transportes públicos. Podendo ser contudo complementados com a utilização de pequenos Bus em percursos que o justificassem. Contudo a utilização de grandes veículos de transporte colectivos movidos a motores de combustão deveria ser banida.

Com soluções destas seria substancialmente reduzida a área asfaltada das cidades. Daí resultariam vários benefícios ambientais; tanto em termos de absorção de águas pluviais - pois seria possível aumentar as áreas ajardinadas e relvadas (os metros de superfície podem circular em corredores relvados) - como em termos de regulação da temperatura, nas épocas mais estivais, pois estaria eliminado o efeito reflector de calor do asfalto, que contribui para o aumento da temperatura ambiente.

A cidade ideal seria aquela em que cada um dos seus habitantes pudesse trabalhar a uns 15 minutos a pé, no máximo, do seu local de residência.

2 comentários:

São disse...

Aprendeste bem as lições desse técnico competente chamadp Goçalo Ribeiro Telles.
Que pena sa pessoas responsáveis ignorarem as suas advertências há quase meio século.
Bem hajas!

ManDrag disse...

Salve! São
Não só, mas também, com as lições desse grande arquitecto português que muito admiro. Deixassem muitos homens como ele estar aos comandos dos rumos de Portugal e a vida dos portugueses seria muito melhor.
Muitos Gonçalos Ribeiro Telles proliferam por esse mundo fora, fazendo as suas vozes chegar aonde as levam os Quatro Ventos. Pena que muito poucos os ouçam e, pior ainda, que muitos os escarneçam.
O meu abraço!
Salutas!