Estamos num Ano Olímpico. Circunstância que supostamente deveria ser de festa para os atletas a nível mundial e de uma procura de harmonia a nivel dos povos do mundo. Ou, pelo menos, seria importante que assim fosse. Mas na desbunda em que se está convertendo o entendimento do que é a liberdade e a democracia, o respeito pela importância do ritual, como elemento de coesão das comunidades, está cada vez mais ameaçado pelos excessos de procura de protagonismo daqueles que entendem que a justeza dos seus ideais justifica todo o tipo de comportamentos abusivos.
Não sou ingénuo, tal como a diplomacia nunca o foi.
Criados como um período de tréguas entre as contínuas guerras promovidas pelas diversas cidades-estado que compunham a antiga civilização Helénica, os Jogos Olímpicos são um símbolo de Paz e Harmonia. Mas mesmo nesses vetustos tempos os Jogos eram usados politicamente, contudo o seu ritualismo simbólico era venerado, então.
Já nos tempos em que vivemos se perdeu o entendimento da importância dos rituais. A proliferação do ateismo e do laicismo tem contribuido para essa perda de percepção do valor do ritual. Não me proponho aqui explicar e revitalizar a importância dos cerimoniais na funcionalidade da comunidade humana, apenas constacto o facto. Até os mais cultos e intelectuais, cegos pelo seu empirismo, têm descaracterizado os ritos cerimoniais e a importância do seu simbolismo.
É lastimável o triste espectáculo que denominados activistas por um Tibete livre têm protagonizado nas actividades ritualisticas referentes à Chama Olímpica.
Não menosprezo a veemência sempre presente da discussão sobre a ocupação abusiva do Tibete por parte da China.
Não minimizo a necessidade de pressionar os líderes chineses a reverem a sua decisão sobre esta ocupação de expansionismo imperialista.
Mas acredito que há momentos e circunstâncias para tudo.
E, cada macaco no seu galho, cada coisa no seu lugar.
Entendo como abusivo o aproveitamento ignóbil a que têm recorrido esses acitvistas, que apelam pelo respeito dos direitos dos tibetanos atropelando os direitos daqueles que esperam alegria e festividade num evento que deveria lembrar a todos a necessidade dum convívio harmonioso. E o mesmo penso a respeito de todos aqueles que se aproveitam de outros momentos mais mediatizados para os desvirtuarem a propósito duma propaganda que entendem estar acima de qualquer outra dignidade.
Lamentavelmente as suas causas depois ficam esquecidas o resto do tempo, quando já não há ocasiões solenes para aviltar.
Gostaria ainda de lembrar que o drama dos tibetanos até nem é dos mais pungentes no mundo de hoje. E não é só a violação dos direitos humanos na China que deveria ser lembrada. O folclore grosseiro com que os activistas pretendem denegrir os desfiles da Chama Olímpica pelos mais variados pontos do globo, acaba por servir para esconder e esquecer crueldades bem mais infames que um pouco por todo lado ocorrem.
Tudo não passa de manobras de diversão propagandística.
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2 comentários:
É a primeira vez que visito este espaço e visito-o por indicação da minha amiga São Banza e a propósito da questão do doente bipolar que estou, neste momento, a debater no meu blog.
Efectivamente estas postagens aproximam-se muito da minha linha de pensamento e considero também inaceitáveis as ameaças de boicote aos Jogos Olímpicos.
Para além de tudo o que os Jogos Olímpicos representam muito boicote haveria de ter lugar se aplicássemos o mesmo peso e a mesma medida a diferentes Países e situações.
Abraço
ManDrag
Concordo com o teor do post. E quando se fala em direitos humanos também é bom não esquecer a guerra do Iraque e as suas motivações.
Abraço
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