A ruralidade está em extinção.
Ao longo do século passado e aproveitando a expansão dos meios de comunicação, as populações rurais começaram a mudar-se para as grandes cidades, em busca de um modo de vida urbano e na esperança de uma oportunidade de melhorarem as suas condições de existência. Essa deslocação ainda perdura na actualidade e cada vez com mais impeto.
Toda essa gente obriga as cidades a transbordar além dos limites que lhe seriam favoráveis para fornecerem a todos um modo de vida digno. As cidades começam a expandir-se em bairros periféricos que crescem num modo anárquico. Muitos dos habitantes desses bairros desordenados não têm um verdadeiro enquadramento no tecido económico-laboral da cidade, recorrendo a todo o tipo de estratagemas alternativos e improvisados de conseguirem modos de subsistência. Frequentemente à revelia das administrações oficiais locais. É o ninho de desenvolvimento das assimetrias que mais caracterizam as enormes urbes do presente, arrastando consigo todo o tipo de mau-estar social.
Qualquer cidade tem um limite de expansão susceptível de permitir uma existência humanamente digna aos seus habitantes. Toda a concentração urbana que ultrapassar esses limites invalida qualquer capacidade de providenciar uma vida humanamente digna a quem lá habita. Além de se converter num imenso monstro difícil de gerir e administrar, pois exige mais recursos para a sua suscentabilidade que aqueles que é capaz de prover. É insensacto permitir a expansão desmesurada dos grandes aglomerados urbanos. No entanto é isso mesmo que acontece nos dias de hoje, em que vemos cada vez mais as grandes metrópoles espalhadas por todo mundo agigantarem-se em caóticas megalópolis.
Mas essa é uma ordem de pensamento ultrapassada; a megalomania e o gigantismo são cultos da era industrial. Agora é necessário uma nova filosofia de abordagem da urbanidade e cidadania.
O pensar pequeno e o pensar eficaz.
É necessário repensar o sentido de comunitarismo e de urbanidade. É muito mais eficaz a partilha de espaços, mesmo com a salvaguarda da individualidade/privacidade; a concentração de maior número de indivíduos em áreas mais pequenas, ou seja o crescimento em altura e a habitação-comunitária; o direito de todos poderem habitar e trabalhar na mesma área urbana (bairro), prescindindo assim do recurso a modos motorizados de deslocação. É de uma absurda insensatez que milhares, senão milhões, de indivíduos tenham de prescindir diariamente duas ou três horas da sua vida para se poderem deslocar entre a hatitação e o local de trabalho. Além dos graves problemas de saúde que isso acarreta a médio ou longo prazo, representa também enormes custos em infra-estruturas de mobilidade para as entidades administrativas locais ou centrais.
Vivemos no dealbar de uma nova era. São necessários novos modelos e novas filosofias. Mas acima de tudo é necessária a coragem de mudar.
Pensar pequeno, pensar eficaz.
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5 comentários:
Olá...
Esta madrugada de insónia permitiu-me a visita a este teu espaço e deparei com um assumto que realmente me toca.
Eu também mudei... mas para um sítio mais rural. Desloco-me a pé para a escola onde lecciono, oiço pássaros de manhã e galos de madrugada, conheço muitas famílias de visinhos, pois quase todos têm crianças na escola.
Foi preciso coragem para mudar, neste provável meio da vida... mas ganhei qualidade... e a depressão tende a tornar-se menos agressiva...
Parabéns pelo teu espaço...
P.S. Importas-te de trocar visinhos por vizinhos?
Obrigada...
Um beijo para ti...
Salve! Alice Matos
Obrigado pela visita e pelo comentário. Mas pedia o favor de me indicares onde está esse «visinho» para eu o poder corrigir; pois já reli os textos publicados e ainda não o encontrei.
Aparece sempre.
Salutas!
Parabéns pela análise tão lúcida que fazes a estas cidades-colmeias que matam a humanidade em nós.
Estimo-te!
ManDrag
Choca-me o desenraízamento, a perda de referências, um mundo que se esvazia e empobrece por excesso de padronização.
Um abraço
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