quinta-feira, 27 de março de 2008

DEMOCRACIA

Por todo mundo proliferam os sistemas políticos democráticos. É a actual moda governativa das nações modernas, ou com pretensões a tal. Ter um regime democrático é quase uma imposição generalizada nos tempos que correm. Qualquer outro sistema governativo é olhado e apontado com desconfiança pelo resto do mundo.

Pessoalmente tenho muitas reservas quanto a um modelo governativo em que impera a vontade da maioria sobre a vontade das minorias. Como elemento dum grupo social considerado como minoria, sinto que alguns dos meus direitos estão sob constante ameça, quando não mesmo são ignorados e atropelados pelo preconceito e pela lei-vigente.

Mas neste conceito «Democracia» cabem muitos modelos de organização política; embora todos eles supostamente baseados no voto da maioria. Mesmo aqueles em que a própria definição de votante possa ser um pouco duvidosa. Não esqueçamos que no início do século passado as mulheres estavam excluidas do direito de voto nas democracias europeias e norte-americanas. E ainda nos dias de hoje nem todos os habitantes dum país democrático têm direito a voto: vejam o caso dos imigrantes nas modelares democracias europeias, que contribuem com o seu esforço de trabalho e os seus compromissos em impostos para o enriquecimento dos seus paises de acolhimento, mas que não têm direito a voto nas matérias que lhe dizem respeito.
Podem invocar que este último caso que refiro, o do voto dos imigrantes, possa pôr em causa a soberania e independência nacionais; caso actual do Kosovo. Mas aí poderemos perguntar: será a Democracia compatível com a definição e estatuto de Nação e Pátria? Afinal o que conta como definição de votante? O indivíduo-cidadão, ou a sua proveniência?

Os ideais de democratização mundial têm fomentado a propagação da globalização, com todas as suas vantagens e malefícios; uma vez que essa globalização tem sido feita dum modo massificador de aculturação e descaracterização cultural das minorias. E em nome da «Democracia» se tem assistido à imposição pela força da vontade de alguns poderosos sobre a autonomia de paises e povos idóneos.
Num mundo em que a politica é gerida por gabinetes de marketing eu não encontro nenhuma credibilidade no sistema de voto democrático das maiorias, pois que a expressão do voto dessas maiorias não é mais que o resultado da influência de campanhas meticulosamente orientadas de promoção propagandística. O discurso e debate político de ideias está sendo substituido pela lei do apelo sedutor da propaganda (leia-se publicidade). A democracia deixou de ser um debate de ideias para ser um desfile de cosmética.

Ah!... Ainda me ocorre o caso das democracias hereditárias. Sim! Vejam casos como a Argentina, o Paquistão, a India, em que famílias duma elite política se perpetuam em cargos de liderança de geração em geração, como se de pequenas monarquias sem título se tratassem.

Democracia. Não é este o meu ideal de governação. Mas enquanto não houver melhor opção...

1 comentário:

São disse...

Muito interessante!!
Abraço-te!