domingo, 25 de janeiro de 2009

URBANA DIVAGAÇÃO 6: TÚNEIS E ARCADAS

A mobilidade e a comunicação são dois dos mais importantes móbiles da nossa actual civilização pró-global. E isso modela o nosso quotidiano, condicionando as nossas opções e as nossas vidas pessoais.

O automóvel é o grande ditador na definição de prioridades de ocupação de espaço urbano, relegando para segundo plano o cidadão, o indivíduo, o ser humano que deveria ser a peça fundamental na definição das políticas urbanísticas. Fomos permitindo que o transporte individual e particular ascendesse acima dos interesses colectivos e individuais. Assim as cidades se viram invadidas por essa praga danosa. 

A ditadura do automóvel levou até a forçar a construção de túneis para a circulação do metro e assim facilitar a mobilidade de maiores números de indivíduos, deixando a liberdade de viajar em pleno céu aberto aos afortunados possuidores de transporte próprio.

Os túneis são caros no investimento de construção e na manutenção, além de não garantirem mais segurança para os utentes. Do mesmo modo a construção de viadutos e plataformas elevadas para a circulação do metro nas grandes cidades, para poder continuar permitindo o reinado do automóvel nas vias principais, peca dos mesmos males de custos e insegurança. Além de serem aberrantes em zonas de preservação histórica.

O ideal será a implementação de metros de superfície, por inúmeras razões vantajosas para todos. A primeira é a facilidade de acessibilidade ao mesmo por todos os cidadãos, principalmente aos portadores de alguma incapacidade ou deficiência. Tal política também obrigaria a uma redefinição da circulação rodoviária dentro dos centros urbanos, dando prioridade ao transporte colectivo e condicionando a dispersão fastidiosa da indisciplinada praga automóvel.

Afastando a circulação automóvel para vias secundárias, deixando as artérias principais para o metro de superfície e outros tipos de transporte colectivo, iria encurtar os tempos de percurso de tais meios. Essa medida também permitiria uma melhor e mais livre mobilidade para a circulação pedestre. Culminando ainda num melhor ambiente, menos poluído, logo mais saudável.

Motivando assim a circulação pedestre para curtas distâncias, seria de interesse que os edifícios fossem construídos com arcadas no piso térreo das suas fachadas, para desse modo se proporcionar um abrigo, contra os rigores do clima, aos transeuntes. Para tal seria necessário o empenho e conjugação de intenções e esforços coordenados de diferentes agentes oficiais e empresariais, o que culminaria num envolvimento da sociedade civil em decisão de matérias de interesse comum a todos, como a edificação do espaço urbano.

domingo, 18 de janeiro de 2009

MISTÉRIO

A nossa existência está envolta em mistério. É ele o grande impulsionador da vida e do conhecimento. O mistério faz parte da nossa essência e deverá fazer parte do nosso existir comum. Só assim teremos motivação para a busca e a procura, que nos levam a crescer.

Ao longo da evolução cultural da Humanidade sempre houve questões que nem os mais sábios podiam responder. Muitas vezes tais questões se tornavam tabu, outras passavam a ser ilustradas por lendas e mitos, que de geração em geração iam sendo relatadas e mantidas na busca dum esclarecimento oportuno. 
Ainda nos dias de hoje, com todo o conhecimento científico e tecnológico de que dispomos subsistem muitas questões que estão fora do nosso entendimento. E quanto mais procuramos as respostas a essas questões, outras se levantam mais indecifráveis ainda. Muito do que temos hoje não são respostas claras e objectivas, mas teorias baseadas em cálculos matemáticos. 
Há determinados mistérios que apenas a matemática pode explicar, daí ela ser tão fundamental no nosso conhecimento actual.

Que é o tempo? Que é o espaço? Será o Universo finito? O que é o finito ou o infinito?

Quando os cientistas procuraram desvendar os segredos do universo, da sua origem e as suas leis, se depararam com mais novas questões, que propriamente com respostas definitivas. Através da física quântica perceberam que muitas das respostas que encontraram já haviam sido descritas pelos antigos sábios místicos das nossas mais vetustas civilizações e culturas (ver "O Tao da Física" de Fritjof Capra).

O mistério estimula a imaginação e esta leva à inventividade. Na essência o Ser Humano é uma criatura de busca permanente e, apenas prosseguindo nessa busca nós alcançaremos o nosso desígnio maior; evoluir.

sábado, 10 de janeiro de 2009

10000 EUROS

10000 Euros, o preço de uma pele de tigre. 

Os compradores e incentivadores do comércio ilegal de peles de grandes felinos asiáticos, nomeadamente o tigre e o leopardo indianos, são tibetanos abastados que insistem em preservar as suas tradições culturais, mesmo após o Dalai-Lama ter apelado para o fim dessas tradições absurdas e criminosas. 
Na tradição tibetana (que teve origem no seu passado obscuro de povo belicoso) a ostentação exibicionista de peles de grandes felinos, como ornamentos de vestuário, é uma afirmação de opulência e estatuto superior.
O tigre indiano encontra-se à beira da extinção devido ao crime organizado da caça ilegal, que tem levado à sua chacina maciça. 

Tal como o tigre, outras espécies de predadores de topo se encontram em risco de extinção, seja pelo valor das suas peles, seja para servirem de iguaria culinária. Como o caso do tubarão que é pescado vivo, são-lhe cortadas as barbatanas e depois lançado ao mar de novo, para agonizar até à morte.

Mas não só pela caça legal ou ilegal, os predadores de topo se encontram em risco de extinção. Com a expansão demográfica e o alastramento urbano, as áreas de caça dos grandes predadores vão ficando cada vez mais limitadas e insuficientes. A exploração intensiva dos recursos naturais, por parte da humanidade, tem levado a desequilíbrios ambientais altamente nocivos para a subsistência das espécies selvagens. 

Na Natureza cada elemento tem a sua função num grande sistema em equilíbrio. Ao se interferir nessa cadeia de eventos é quebrado um ciclo, como que sagrado, pondo uma variante de incerteza na sua recuperação.

sábado, 3 de janeiro de 2009

BARRAGENS E AZENHAS 1

Os rios são as artérias e veias da Terra. Bloqueá-los é nocivo, senão mesmo criminoso.

As barragens hidroeléctricas são denominadas como produtoras de energia limpa. Limpa?!
Como chamar de limpa a uma acção que afoga milhões de organismos vivos e engole paisagens inteiras, com cidades e monumentos milenares? 
Como chamar de limpo a uma intervenção tão anti-natural e contrária à integração que se pretende entre as acções humanas nos sistemas ecológicos? 
Afinal onde andam as cabeças dos ecologistas? 

E não me venham falar nos exemplos da natureza pois seria no mínimo ridículo, caricato mesmo, comparar os diques dos castores com a Barragem das Três Gargantas (China).

A maior riqueza dos rios está na sua fluência, na liberdade de correrem livremente da nascente até à foz. E ao longo desse percurso há tanto que podemos aproveitar! 

O movimento é energia, assim a corredeira dos rios, ribeiros ou quaisquer cursos de água são fontes privilegiadas de energia. Mais privilegiadas quanto mais livremente correrem essas dádivas da Natureza.
A construção de barragens para a produção de energia eléctrica é uma solução obsoleta e megalómana, herdada duma filosofia de revolução industrial, que entendia o Homem como a suprema criatura capaz de domar a Natureza. Já chegamos à conclusão que estávamos errados. Porque insistir então em procedimentos estúpidos?

Se olharmos para trás podemos retirar ideias de soluções mais consentâneas com as filosofias ecológicas dos nossos dias. 
Recordo as velhas azenhas, os moinhos de farinha que instalados na margem dos arroios aproveitavam a energia cinética dos mesmos. Ora, utilizando o mesmo sistema de roda-de-nora ligados a um dínamo, seria possível produzir alguma energia eléctrica.
Será que nas nossas universidades não haverão cérebros capazes de desenvolver sistemas com capacidades de produção energética intensiva, partindo do mesmo princípio, de aproveitamento da energia cinética contida na corrente fluvial, que os vetustos modelos primitivos dos moinhos de farinha? Não creio que os antigos moleiros fossem mais criativos que os engenheiros de hoje.

Temos de deixar de ambicionar grandes soluções de panaceia. A tendência da nova sociedade emergente é a individualização. Temos então que pensar em diversidade e objectividade pontual.