As populações migram das zonas rurais para os grandes centros urbanos, preferencialmente para o litoral. As cidades crescem além do conveniente, tornando-se imensas megalópoles.
Tais megalópoles caracterizam-se por uma região central (correspondendo muitas vezes ao centro histórico originário da urbe), onde se concentram serviços e comércio, assim como algumas das habitações mais caras (visto o elevado preço dos terrenos nessas zonas apetecíveis). Também para o centro convergem todos os transportes urbanos, o que torna o tráfego denso e a circulação difícil.
Desenvolvem-se então bairros periféricos, irradiando do centro económico e administrativo, que se vão agigantando dum modo mais ou menos caótico, incapacitando a administração central de responder a todas as solicitações de gestão de infra-estruturas e supervisão.
O crescimento das mega-cidades é demais previsível, nos tempos que correm, pelo que se justifica uma ponderação cuidada na elaboração política de planos de crescimento. Para tal seria necessário repensar o sistema de administração municipal das cidades.
As megalópoles deveriam organizar-se como grandes clusteres de micro-cidades, cada uma com uma administração própria que zelaria pelo bom cumprimento do plano director central. O conjunto de administrações das micro-cidades formariam uma assembleia que agiria em uniformidade com as directrizes do Município Central.
Deste modo seria muito mais fácil o acesso do cidadão aos dirigentes locais e estes estariam mais próximos dos problemas, logo mais conscientes da premência das necessárias intervenções.
Todas as micro-cidades seriam providas das infra-estruturas necessárias para a satisfação de todos os cuidados básicos das populações, tanto em termos administrativos, como sanitários e educacionais.
Uma boa rede integrada de transportes colectivos serviria para facilitar a comunicação entre as diferentes micro-cidades, evitando a saturação de tráfego no núcleo central da megalópole.
Do mesmo modo todos deveriam ter possibilidade de emprego na sua própria zona de residência, subtraindo-se assim o pendular movimento populacional quotidiano, evitando todos os seus malefícios, tanto a nível económico como no bem estar humano dos cidadãos, que se sentiriam mais integrados e co-responsáveis pelos ambientes em que viveriam.
5 comentários:
Mais um grande texto com ótimas soluções viáveis.
Era algo mais ou menos assim que eu pensava. Fica impossível administrar cidades imensas hoje em dia se o poder não for compartilhado. Cidades menores devem possuir administrações melhores porque se conhece o problema da população a fundo e imediatamente, enquanto megalópoles ficam nas mãos de burocratas, meia dúzia de engravatados e os problemas vão se arrastando ao longo do tempo e com essa morosidade estes mesmos problemas que poderiam ter sido resolvidos logo se tornam ainda maiores. Se cada bairro tivesse uma delegacia especializada em que o povo participasse diretamente e assim resolvessem seus problemas teríamos cidades mais fortes no futuro. Concordo com a idéia do plano diretor central que iria administrar os planos intermediários que cuidariam das zonas ou bairros, aliviando assim os problemas de todos. Vejamos o caso dos engarrafamentos ou saúde pública. Tão fácil resolver isso. Concentrar o poder de uma grande cidade nas mãos de uma só pessoa e ela ter que delegar o poder para apenas meia dúzia já sabemos o que acontece. E não tem dado certo. A mudança deve ser imediata antes que o colapso [que tende a ser eminente] chegue sem bater em nossas portas!
[te amo]
ManDrag
Penso que esta forma de administração terá mais a ver com o Brasil do que com um país pequeno como Portugal pese embora a descaracterização dos subúrbios e a pressão humana que sobre eles recai gerando fortes tensões sociais.
Uma organização do espaço que permita vida e não morte reduzindo horas de percurso, cansaços, ausências e desprotecções, será em tudo desejável. Mas quem se preocupa com isso? Os governantes?
Abraço
Salve! Lídia
Feliz por tua visita sempre bem vinda.
Os meus textos neste blog são de caracter universalista, guardando-me as minhas opiniões mais focalizadas em factos correntes para o Confessium.
Contudo reconheço que este modelo que apresento poderia muito bem ser aplicado no Brasil; mas não só. Igualmente ele seria válido em qualquer grande metrópole actual, pois a tendência é cada vez mais as pessoas migrarem para os grandes aglomerados urbanos.
Mas mesmo em Portugal este exemplo seria válido e útil; e falo com conhecimento de causa.
Durante 41 anos morei no concelho do Barreiro (Distrito de Setúbal) e mais ultimamente, alguns anos na freguesia do Lavradio, desse mesmo concelho. O tempo suficiente para verificar que junto às grandes cidades as Juntas de Freguesia funcionam como mais uma fonte de rendimentos do presidente da junta em questão, promovendo as festas anuais da freguesia e delegando no município central do concelho todas as tarefas de administração e prestação de serviços. Daí resultam as falhas na prestação dos serviços mais básicos. A título de exemplo: no Lavradio existe um jardim, que do mesmo só tem o nome, pois nos canteiros já nem relva há; resume-se a um areal com alguns baloiços e um escorrega, que só perduram por serem metálicos.
A minha proposta pode-se aplicar a qualquer das grandes cidades do Brasil, ou do mundo, desde Luanda, a Daca, passando pela Amadora ou Almada.
Abraço.
Salutas!
Mais um texto muito interessante, Menino.
Um muito grande abraço.
Muito interesante e penso que até viavel, ams não sei se alguém se interesaria em fazer algo deste tipo, gastar muito dinheiro público pra diminuir a renda do estado já que com tanta organização as multas, passagens de onibus, tikets de metrô entre outros não mais enderiam o que rendem hoje!!
mas uma ótima ideia assim mesmo
abraço de teu amigo do lado de cá!
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