O automóvel é o grande ditador na definição de prioridades de ocupação de espaço urbano, relegando para segundo plano o cidadão, o indivíduo, o ser humano que deveria ser a peça fundamental na definição das políticas urbanísticas. Fomos permitindo que o transporte individual e particular ascendesse acima dos interesses colectivos e individuais. Assim as cidades se viram invadidas por essa praga danosa.
A ditadura do automóvel levou até a forçar a construção de túneis para a circulação do metro e assim facilitar a mobilidade de maiores números de indivíduos, deixando a liberdade de viajar em pleno céu aberto aos afortunados possuidores de transporte próprio.
Os túneis são caros no investimento de construção e na manutenção, além de não garantirem mais segurança para os utentes. Do mesmo modo a construção de viadutos e plataformas elevadas para a circulação do metro nas grandes cidades, para poder continuar permitindo o reinado do automóvel nas vias principais, peca dos mesmos males de custos e insegurança. Além de serem aberrantes em zonas de preservação histórica.
O ideal será a implementação de metros de superfície, por inúmeras razões vantajosas para todos. A primeira é a facilidade de acessibilidade ao mesmo por todos os cidadãos, principalmente aos portadores de alguma incapacidade ou deficiência. Tal política também obrigaria a uma redefinição da circulação rodoviária dentro dos centros urbanos, dando prioridade ao transporte colectivo e condicionando a dispersão fastidiosa da indisciplinada praga automóvel.
Afastando a circulação automóvel para vias secundárias, deixando as artérias principais para o metro de superfície e outros tipos de transporte colectivo, iria encurtar os tempos de percurso de tais meios. Essa medida também permitiria uma melhor e mais livre mobilidade para a circulação pedestre. Culminando ainda num melhor ambiente, menos poluído, logo mais saudável.
Motivando assim a circulação pedestre para curtas distâncias, seria de interesse que os edifícios fossem construídos com arcadas no piso térreo das suas fachadas, para desse modo se proporcionar um abrigo, contra os rigores do clima, aos transeuntes. Para tal seria necessário o empenho e conjugação de intenções e esforços coordenados de diferentes agentes oficiais e empresariais, o que culminaria num envolvimento da sociedade civil em decisão de matérias de interesse comum a todos, como a edificação do espaço urbano.