quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A MORTE

Numa sociedade doentiamente obcecada com a segurança, a morte é o cúmulo de todos os pavores e tabus.

Todos nascemos para morrer!

Inevitável, a morte. A doce morte, dádiva da vida, que assim nos liberta dos incontáveis suplícios da imortalidade. 
Uma vida sem morte seria uma existência de Sísifo.

A morte é o grande tabu, desta sociedade de valores distorcidos e anti-natura. Um tabu que motiva logros e sonegações aberrantes; como a de esconder a realidade da morte às crianças.

A morte é vista como uma perda. 
Mas porque não a ver como um ganho? Porque ela é entendida como usurpadora de tudo aquilo a que a nossa avidez de posse (ou ganância, como lhe queiram chamar) nos levou a acumular e a apegarmo-nos doentiamente.

"Nada podes levar contigo." diz-nos o Barqueiro da Morte. E isso é o desaire maior de quem sempre se afirmou através do que adquiriu e acumulou ao longo duma vida desperdiçada numa afirmação através dos bens acumulados. Uma verdadeira prova de mesquinhez e imaturidade anímica.

Na nossa sociedade perdeu-se o sentido da morte. A morte é algo de que nos queremos livrar tão depressa quanto nos livremos dos nossos mortos. 
"Morreu? Enterra-se e a vida segue em frente." Falso! Rotundamente falso! 
Esse desrespeito pelos nossos mortos e a hipocondria com que nos apressamos a livrar-nos deles revela a imaturidade perante a Vida e a Existência em geral. 

Também não é com carpideiras e funerais obscena e extravagantemente luxuosos, onde (muitas vezes) hipocritamente todos se lamuriam da perda do defunto, que se dignifica a morte e o seu valor.

A morte é a libertação e afirma o cumprimento de uma etapa, ao dar-lhe fim. Por isso a morte é uma ocasião de natural e serena satisfação pelo reconhecimento da boa conclusão duma tarefa designada.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O ÁLCOOL MATA!

Eu não sou fumador, mas aprecio a degustação dum bom vinho e sou um apreciador de cerveja.

É proibida a publicidade ao tabaco. Mas permite-se que empresas cervejeiras patrocinem festividades estudantis, onde são distribuídos litros e litros de cerveja (e não é daquela sem álcool) entre os jovens convivas. Sabendo as entidades reguladoras e as responsáveis de saúde pública, o elevado índice de viciação que o álcool tem sobre o organismo.

Em todos os maços de cigarros, ou qualquer outra embalagem que contenha alguma forma de tabaco, são afixados abusivos anúncios, que aludem grosseiramente aos perigos para a saúde decorrentes do consumo de tabaco. Mas ainda não vi nenhum rótulo afixado numa garrafa de qualquer bebida alcoólica, alertando para os graves riscos de saúde (mortais até), além dos transtornos sociais que o consumo de álcool acarreta (não tenho notícia de casos de embriaguez, com todos os seus incómodos para terceiros, por indivíduos terem fumado um ou mais maços de cigarros). 

Depois temos ainda esse discurso esticado até às raias da demagogia paranóica do fumador-passivo. Em contrapartida ninguém chega a casa e maltrata (assedia, ofende e espanca, ou mata mesmo) os familiares por ter fumado um maço de cigarros, mas todos sabemos de incontáveis casos de violência doméstica provocados pelo consumo de álcool.

Que eu tenha conhecimento ainda não se noticiaram acidentes rodoviários provocados pelo consumo de tabaco. O que já não se pode dizer dos provocados pelo consumo de álcool, muitos com vítimas mortais, muitas delas sem responsabilidade nenhuma no seu infortúnio.

Segundo um estudo feito em Inglaterra sobre os malefícios das substâncias causadoras de dependência, compreendendo todas as drogas, naturais ou sintéticas, legais ou ilegais, leves ou pesadas, é o álcool que lidera com o maior número de mortes entre os seus consumidores, sendo assim um nocivo agente para a salubridade individual e social. 

Afinal quem pretendem os governos proteger?

sábado, 1 de novembro de 2008

MACAQUINHO DE IMITAÇÃO

Agora tudo é culpa da globalização, mas esta não apareceu de geração expontânea, nem tão pouco é uma invenção da ganância dos grandes monopolizadores da economia mundial.

Desde sempre que a arrogância euro-cristã se empenhou em disseminar por todo o mundo a sua visão distorcida e anti-natural da condição humana neste planeta. É aí que podemos encontrar as sementes da globalização asfixiante que hoje nos flagela.

Após terem desvirtuado a natureza selvagem original do seu continente natal, enquanto desenvolviam o seu modo de vida artificial, dedicaram-se a transferir o seu viral modelo de existência pelo resto do mundo; criando primeiramente o seu aberrante clone, os USA, que assumiu como sua essa missionária tarefa de redesenhar o mundo segundo os judaico-cristãos interesses egoístas. 

Induzindo os outros povos e nações a adoptarem o seu modelo de vida, essa praga civilizadora disseminou por todo o globo a ilusão de que a vida poderia ser mais agradável através do consumo desenfreado e insensatamente indiscriminado. 
Mas os hábitos de consumo da civilização actual são predadores insaciáveis de recursos que não são ilimitados. Isso põe em causa a subsistência da própria civilização e, com ela, da própria humanidade.

A massificação e recorrência a modelos únicos de sobrevivência, leva a uma maior delapidação dos recursos, com toda a gravidade de situações daí decorrentes, devidas a carências e todo o tipo de injustiças na distribuição de recursos.

Com ou sem influência humana, é inegável que o planeta está numa fase de alteração de padrões anteriormente tidos como imutáveis e reguladores dos hábitos mais primários.
Urge que a humanidade procure ao seu redor os recursos que lhe são disponíveis e aprenda a tirar deles o melhor partido, sempre procurando manter um equilíbrio salutar com o meio ambiente. Deixando de copiar e importar, por vaidade e submissão a interesses terceiros, as soluções que não se adequam ao seu meio particular.

Temos (humanidade) que deixar de nos andarmos a macaquear uns aos outros, para passarmos a encontrar por nós próprios os modos que melhor se adequem às particularidades do nosso meio (habitat) particular. Além de muitas outras vantagens, uma filosofia existencial dessas iria criar brechas nos modelos vigentes dos grandes agentes corporativos económicos, libertando-nos assim desse jogo explorador neo-esclavagista.