Podemos ter desenvolvido uma civilização tecnologicamente avançada, mas não evoluímos como um todo harmonioso e activamente inteligente. Uma sociedade baseada na autossatisfação dos prazeres básicos não espelha todo o potencial da Humanidade. Um modelo de vida baseado num hedonismo primário e materialista cria um mundo egoísta de corrida ao consumo, gerando desigualdade e injustiça social. Resultado muito pouco satisfatório numa espécie que se afirma como sendo inteligente.
Demasiado dependentes da inserção num grupo social, tornamo-nos descurados com a importância do nosso querer sobre os nossos destinos individuais. Desaprendemos a arte de ser autónomos e conscientes dos rumos que escolhemos. Passamos a ser cordeiros num rebanho, sem vontade própria.
O povo tornou-se ignorante da cultura que o suporta. Isso é a descaracterização do Ser Humano, enquanto agente gerador e gestor de cultura. É a apologia do homem-máquina dos primórdios romanescos da sociedade industrial.
Um povo inculto é um povo escravo. Apenas o saber é libertador.
6 comentários:
Cabe a cada um de nós buscar esse agente libertador, não é uma tarefa fácil mas é possível.
[te amo]
ManDrag
Um texto soberbo que só me apraz aplaudir. Que posso dizer que não tenhas dito?
A liberdade e a harmonia humanas têm que ser encontradas no desprendimento face a um consumo alienatório e na perseverança na conquista de espaços que nos construam preenchendo as nossas insatisfações.
A emoção é o motor da vida que irrompe da sensualidade que nos motiva e faz inovar.
Há que saber gerir o nosso centro de motivações não digo para sermos felizes porque a felicidade é uma palavra vã e inconquistável pela sua transitoriedade mas para sermos o menos infelizes possível e, sobretudo, para nos sentirmos em paz com nós mesmos.
Abraço
Texto 5 estrelas. Só um acrescento. É curioso o processo da evolução. Partimos do espírito de rebenho em que experimentamos a noção de pertença ao grupo mas de forma inconsciente, passamos pela fase da 'individualização' em que aprendemos a reflectir por nós próprios, até que retornamos à Unidade, inserimo-nos num todo maior, mas de uma forma consciente e inteligente. E, de forma inteligente, intervimos ajudando os que seguem mais atrás.
Oi!
Bem, conheço um caso que condiz muito bem com "pertencer a um rebanho"; perto da Uni9, existem outras faculdades, como FMU, e vários campus; então, nos horários ante e pós aulas, a circulação de estudantes é bem densa.
Quando eu ando sob a multidão, por vezes, nem percebo quando atravesso a rua, nem fico atento aos semáforos; quando vejo pessoas andando na faixa de pedestres, simplesmente ando. É andar no rebanho sem ficar atento ao redor.
As pessoas tendem a viver em sociedade, em rebanhos. Fazendo a coisa certa ou não, todos fazem, como ficar atento ao semáforo de pedestres, ou não.
E outro ponto bastante sedentário da nossa parte, é a busca do que é mais fácil. Inventar a roda, é o primeiro exemplo. Nossas invenções são para facilitar nossas vidas.
Aquele que se atenta a beira da calçada, vê o semáforo antes de atravessar, é um resquício de inteligência. E não posso dizer que sou muito esperto quanto a isso, mas eu diria que é um bom exemplo de como as pessoas se comportam em rebanho.
Ah, sei lá, viajei grandão aqui.
Até mais!
Mandrag
Um texto que aplaudo de pé, belissimo .
Apenas o saber é liberdador
senão não seremos mais que tijolos para a parede
um abraço
Nem comento, pois já sabes o que penso!
Saudades.
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