A Justiça não deve ser punitiva. A Justiça deve estar sempre um passo à frente do crime. Compete às instituições governamentais da sociedade e a esta mesma, contribuir para um equilíbrio salutar entre todos os campos da actividade social, assim como da educação de todos os indivíduos, desde a mais tenra idade, para um integrado viver cívico.
A justiça não começa nos tribunais nem termina nas prisões. A justiça deve começar desde criança, no aprendizado dos rudimentos de viver em sociedade.
A justiça implica o envolvimento de todo o corpo social. Não estou falando da denominada "justiça popular", mas sim do entendimento, por parte de todos os indivíduos que a justiça envolve todos e não apenas a instituição judicial.
O espírito de rebeldia e afrontação, fazem parte do ser humano. Esse espírito tem até contribuído para muitos avanços da Humanidade. Contudo é necessário saber controlar esse espírito rebelde e transgressor; não o castrando, mas orientando-o dum modo positivo.
O enjaulamento de seres humanos é uma barbaridade, impensável para uma sociedade que se pretende tão evoluída como a nossa. Não é amontoando criminosos e marginais numa jaula que se reabilitam ambos.
Não basta a privação da liberdade para a reeducação de quem quer que seja. Quanto muito, tal medida apenas despertará sentimentos de revolta e frustração.
Se a sociedade tiver modos de prevenção das situações que estimulem a prática de transgressões e crimes, mais fácil será a prevenção e resolução de problemas.
Diz o ditado popular que: "A ocasião faz o ladrão."
Pois é... numa sociedade cheia de injustiça social e desigualdade, onde uns (poucos) têm obscenamente mais do que precisam e outros (muitos) não têm o mínimo para sobreviver...
A Justiça não pode ser cega. Cabe aos magistrados terem a coragem e a lucidez de julgarem cada caso com ética e humanidade, sem se restringirem (e muitas vezes se refugiarem) à frieza ácida da linearidade, desumanamente imparcial, da lei.
É chegado o tempo de os magistrados deixarem de julgar no abstracto e assumirem o seu papel de seres humanos envolvidos no processo de fazer verdadeira Justiça.